Folha de S. Paulo


Ocidentais não conseguiram pôr Irã de joelhos em acordo nuclear, diz líder

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, afirmou nesta terça-feira (25) que os países ocidentais não conseguiram colocar "o Irã de joelhos", depois que o prazo final para um acordo nuclear foi prorrogado para julho.

"Na questão nuclear os Estados Unidos e os países coloniais europeus se uniram e fizeram todo o esforço para pôr de joelhos a República Islâmica, mas não puderam e não poderão", disse o líder em um encontro religioso realizado em sua casa, informou seu site oficial.

Nesta manhã, no parlamento local, deputados iranianos também reagiram ao adiamento anunciado nesta segunda (24) em Viena, e um grupo de congressistas gritou "morte à América" após o vice-presidente da Câmara, Mohamad Abutorabi-Fard, afirmar que os Estados Unidos "sabotou os esforços" para se conseguir um acordo e que não se pode confiar neste país, informou a agência de notícias Fars.

"Hoje podemos falar com os Estados Unidos e seus aliados em um tom de poder. De fato, a lição que deve ser tirada das recentes negociações nucleares é que não se pode confiar nos Estados Unidos por vários motivos", disse o deputado.

Após sete dias de intensas negociações em Viena, Irã, China, Rússia, EUA, Alemanha, França e Reino Unido decidiram ampliar o prazo para um acordo nuclear definitivo que acabe com doze anos de crise e sanções internacionais contra Teerã.

Depois que um acordo não foi fechado na segunda, o prazo final estabelecido, as partes acertaram seguir trabalhando para fechar um acordo "o mais rápido possível", e fixaram como nova data limite 1º de julho de 2015.

FRANÇA

O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse nesta terça-feira que as conversas entre o Irã e seis potências mundiais sobre o programa nuclear iraniano foram "bastante positivas" e que houve progresso em questões-chave, inclusive sobre a capacidade iraniana de enriquecimento de urânio.

"Ao limitar a capacidade do Irã de enriquecer (urânio), acredito que houve um certo movimento", disse Laurent Fabius à rádio França Internacional.

Os países tentam chegar a um acordo que permita a Teerã realizar enriquecimento limitado de urânio sem ter condições de armazenar grandes quantidades de urânio enriquecido, que pode ser utilizado para fazer bombas atômicas, se for enriquecido a um nível alto.

Fabius disse que as seis potências "rascunharam" soluções técnicas para o reator de água pesada iraniano de Arak –que as potências ocidentais temem que possa gerar quantidade significativa de plutônio para bombas se passar por certas modificações.

Ele disse ainda que também houve progresso nos meios de verificar que o Irã está cumprindo seus compromissos uma vez que o acordo for fechado.

"O diabo está nos detalhes, mas há uma vontade de se chegar a um acordo que eu não tinha visto nas conversas anteriores", disse.

O Irã nega as suspeitas ocidentais de que seu programa nuclear tenha objetivos militares, e afirma que busca apenas gerar energia para uso pacífico.


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