Folha de S. Paulo


Presidente da Turquia diz que mulheres não são iguais aos homens

Em evento sobre os direitos das mulheres nesta segunda-feira (24), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a função primordial do sexo feminino é a "maternidade".

"Você não pode colocar homens e mulheres em patamar igual. É contra a natureza. [...] A maternidade é a posição mais alta. Você não pode explicar isso para feministas. Elas não aceitam a maternidade", declarou.

No lugar da igualdade, o presidente propôs a busca da "equivalência perante a Justiça". Para ele, "a igualdade transforma a vítima em opressor pela força e vice-versa".

Erdogan tentou usar o Alcorão para reforçar sua tese. "O paraíso está aos pés das mães", recitou. "Eu beijaria os pés da minha mãe, porque eles cheiravam como o paraíso", completou.

Apesar disso, afirmou que seu governo sempre apoiou a presença das mulheres na política e na economia.

Gurcan Ozturk - 23.nov.2014/AFP
Mulher acende vela durante missa em catedral de Istambul, Turquia
Mulher acende vela durante missa em catedral de Istambul, Turquia

A afirmação ocorreu em um fórum realizado pela Associação Mulheres e Democracia (Kadem) em Istambul.

No entanto, a opinião foi encarada com naturalidade pelas responsáveis pela organização do evento.

Em entrevista ao jornal "Daily Sabah", a presidente da Kadem disse que a justiça só pode ocorrer "quando os papéis dos homens e das mulheres estão definidos".

Em outras oportunidades, Erdogan já defendeu que as mulheres deveriam ter ao menos três filhos e classificou o aborto de "assassinato".

O presidente Erdogan é conhecido por fazer declarações polêmicas.

Neste mês, disse que os muçulmanos descobriram o continente americano mais de 300 anos antes de Cristóvão Colombo.

GÊNERO E IGUALDADE

Segundo o Fórum Econômico Mundial, a Turquia está na 125ª colocação no ranking de desigualdade entre gêneros (a Islândia está em 1º lugar, como o país mais bem colocado dos 142 pesquisados; o Brasil é o 71º).

As mulheres ocupam 14% das cadeiras do Parlamento turco e 4% dos postos ministeriais.

Elas também respondem por 12% dos cargos de comando em empresas do país.

A situação se reflete nos salários: o valor médio anual recebido pelas mulheres é de US$ 10.501, menos da metade do dos homens, de US$ 26.893.

A discriminação por gênero é proibida por lei no país.


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