Neonazistas alemães reunidos na pequena cidade de Wunsiedel (sudeste da Alemanha) no último sábado (15) foram alvos de uma pegadinha que fez com que eles arrecadassem € 10 mil (cerca de R$ 32 mil) para uma organização antiextremista do país.
A cidade é um lugar de peregrinação de neonazistas desde que Rudolf Hess (1894-1987), vice do ditador Adolf Hitler (1889-1945), foi enterrado lá, segundo relato do jornal britânico "The Guardian".
Apesar de os restos mortais de Hess terem sido exumados em 2011 e seu túmulo, destruído, extremistas de direita continuam promovendo marchas pela cidade, a despeito dos protestos dos moradores e de inúmeras tentativas de barrar legalmente os neonazistas.
Desta vez, os organizadores da campanha Rechts gegen Rechts (Direita contra a Direita, em alemão) adotaram uma abordagem diferente. Sem o conhecimento dos manifestantes, eles convenceram moradores e comerciantes de Wunsiedel a "patrocinar" os 250 participantes da marcha.
Com isso, para cada metro que os neonazistas percorriam dentro da cidade, € 10 (R$ 32) eram destinados a um grupo antiextremista chamado EXIT Deutschland –famoso por promover uma espécie de "rehab" para quem queira abandonar o neonazismo.
'SE O FÜHRER SOUBESSE'
Ativistas também afixaram, ao longo do percurso, cartazes humorísticos que tornaram a marcha mais parecida com um evento esportivo, de acordo com o "Guardian".
Havia faixas com dizeres como "se o Führer soubesse" e, junto de uma mesa com bananas, "Mein Mampf" (meu lanchinho) –trocadilho com "Mein Kampf" ("Minha Luta"), livro publicado por Hitler em 1925-26, logo após sua saída da prisão na Alemanha.
Também foram pintados no asfalto das ruas da marcha agradecimentos aos neonazistas por suas "doações".
Em entrevista à agência alemã DPA, Fabian Wichmann, membro do EXIT Deutschland e um dos organizadores do Direita contra a Direita, declarou que a ideia era propor maneiras diferentes de combater manifestações extremistas.
"Queremos mostrar o que mais você pode fazer, quais as outras possibilidades de ação. Dá para fazer mais do que apenas bloquear as ruas ou fechar as janelas", disse Wichmann.
A porta-voz da Prefeitura de Wunsiedel, Inge Schuster, elogiou a pegadinha e afirmou que os € 10 mil arrecadados para a organização antiextremista foram uma "grande resposta" da cidade.