Folha de S. Paulo


Farc afirmam que sequestraram general em área rural na Colômbia

Os negociadores de paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Havana (Cuba) admitiram, nesta terça (18), o sequestro do general Ruben Darío Alzate por membros do grupo.

O sequestro do general, de um soldado e de uma advogada aconteceu no domingo.

Os negociadores haviam dito pela manhã que não tinham informações sobre o caso, porque a comunicação é falha na área do sequestro.

Segundo os negociadores, este foi "um caso extraordinário", mas ao mesmo tempo "normal dentro de uma guerra".

As Farc afirmaram que o general Alzate foi capturado em uma zona de conflito no departamento de Chocó, na região oeste do país, quando estava no "exercício de suas funções".

CESSAR-FOGO

Os negociadores da guerrilha em Cuba aproveitaram o sequestro para pedir uma reflexão do governo sobre a necessidade de um cessar-fogo bilateral para que o processo de paz possa avançar.

"Esta delegação de paz está disposta a contribuir para uma imediata e sensata solução para este problema", afirmou na capital cubana o guerrilheiro Pablo Catatumbo (apelido de Jorge Torres Victoria).

Catatumbo disse que um cessar-fogo bilateral criaria um ambiente mais tranquilo para as conversações e evitaria incidentes como esse.

"Enquanto continuarem os confrontos, fatos como esse irão acontecer, inclusive mais graves", advertiu o comandante da guerrilha.

No domingo, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou que as negociações de paz com as Farc só serão retomadas após a libertação dos reféns.

Na segunda-feira, Santos disse que, "ainda que estejamos negociando em meio a conflitos, as Farc precisam entender que não se chega à paz aumentando as ações violentas e minando a confiança mútua".

No início das negociações de paz, o grupo se comprometeu a não sequestrar civis, mas afirmou que militares são considerados "prisioneiros de guerra".

EUROPA E ONU

Nesta terça, a União Europeia pediu a libertação imediata dos reféns, e o escritório da ONU em Bogotá repudiou os sequestros.

No Congresso colombiano, as Comissões de Paz do Senado e da Câmara também pediram a libertação imediata do general e de outros reféns que estão com as Farc.

O Movimento Nacional de Vítimas de Crimes de Estado (Movice) exigiu que o governo retomasse as negociações com as Farc e pediu a participação da sociedade.

O grupo convocou uma grande mobilização pelo país para esta quarta, dia em que o processo de paz completa dois anos.

NEGOCIAÇÕES DE PAZ

O governo de Santos e as Farc iniciaram há dois anos em Cuba um diálogo de paz para tentar acabar com um conflito armado de mais de 50 anos, mas sem decretar um cessar-fogo na Colômbia.

Esta é a quarta tentativa de alcançar a paz com as Farc, a principal guerrilha do país e a mais antiga da América Latina, criada em 1964 e que conta oficialmente com 8.000 combatentes, essencialmente mobilizados nas zonas rurais.

O atual processo com as Farc já alcançou consensos parciais em três dos seis temas na agenda: reforma rural, participação política da guerrilha e solução ao problema das drogas ilícitas.

Mas ainda faltam os temas mais complexos, como a indenização das vítimas e o abandono das armas. Também deve ser definido um mecanismo de implementação, verificação e para referendar decisões.

Editoria de arte/Folhapress

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