Folha de S. Paulo


Farc dizem não ter informações sobre general sequestrado na Colômbia

A delegação das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que negocia a paz com o governo colombiano disse nesta terça-feira (18) que não tem informações sobre o paradeiro de um general sequestrado.

O sequestro de Rubén Alzate no domingo (16), atribuído às Farc pelo presidente Juan Manuel Santos, provocou a suspensão das negociações de paz.

Segundo a guerrilha, a comunicação falha na área rural onde o governo diz que o general foi sequestrado limita as informações sobre o caso.

O líder Pastor Alape disse que as Farc seguem comprometidas com as conversas de paz, iniciadas em 2012 e que acontecem em Havana, Cuba, e esperam que Santos retome o diálogo.

"Em duas horas, daremos uma informação de acordo com o que chegar até nós", disse Alape, em uma coletiva de imprensa em Havana.

Santos havia advertido na segunda (17) que a vontade das Farc de acabar com o conflito armado no país estava "em teste" após o recente recrudescimento de suas ações.

"O compromisso das Farc está sendo testado. De sua decisão depende seguir avançando para o fim do conflito e a reconciliação", disse Santos em rede nacional de TV, exigindo a libertação das cinco pessoas sequestradas pelas Farc nos últimos dias, incluindo Alzate.

Alzate, o oficial de mais alta patente já capturado pelas Farc, foi detido pela guerrilha em uma zona isolada do departamento del Chocó, no oeste do país, junto com o cabo Jorge Rodríguez e a advogada Gloria Urrego. Os três viajavam para supervisionar um projeto energético.

Uma semana antes, os soldados Paulo Rivera e Jhonatan Díaz foram feitos reféns durante um ataque das Farc no departamento de Arauca, no leste da Colômbia.

CRÍTICA

O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, disse nesta terça que Santos é responsável pela situação com as Farc, dizendo que ele traiu a promessa de seguir sua política contra a guerrilha.

"Fizeram crer que o governo controlou o terrorismo. Mentem: o terrorismo volta a controlar muitos outros territórios da Colômbia", disse Uribe, que governou entre 2002 e 2010, em entrevista ao jornal espanhol "El Mundo".

"Convenceram o mundo de que devemos escolher entre a guerra e o diálogo. Santos traiu sua promessa de seguir com nossa política. Se o tivesse feito, os chefes terroristas hoje também estariam em Cuba e na Venezuela, mas não teriam estrutura para o crime na Colômbia. Mas o governo de Santos renunciou que esse país estivesse em paz hoje".

NEGOCIAÇÕES DE PAZ

O governo de Santos e as Farc iniciaram há dois anos em Cuba um diálogo de paz para tentar acabar com um conflito armado de mais de 50 anos, mas sem decretar um cessar-fogo na Colômbia.

Esta é a quarta tentativa de alcançar a paz com as Farc, a principal guerrilha do país e a mais antiga da América Latina, criada em 1964 e que conta oficialmente com 8.000 combatentes, essencialmente mobilizados nas zonas rurais.

O atual processo com as Farc já alcançou consensos parciais em três dos seis temas na agenda: reforma rural, participação política da guerrilha e solução ao problema das drogas ilícitas.

Mas ainda faltam os temas mais complexos, como a indenização das vítimas e o abandono das armas. Também deve ser definido um mecanismo de implementação, verificação e para referendar decisões.

Editoria de arte/Folhapress

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