Folha de S. Paulo


Rússia anuncia patrulha aérea até o Caribe e golfo do México

Em uma decisão que reflete as tensões com o Ocidente devido às disputas com a Ucrânia, a Rússia anunciou nesta quarta (12) que bombardeiros de longo alcance farão missões de patrulha regulares do oceano Ártico ao Caribe e ao golfo do México.

A medida vem logo após a Otan acusar Moscou de enviar mais tropas e tanques para a Ucrânia, o que foi negado pela Rússia.

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que as tensões com o Ocidente também exigirão que o país reforce suas posições na península da Crimeia, no mar Negro. A região foi anexada pela Rússia em março.

O ministro disse que os bombardeiros de longo alcance vão fazer voos ao longo das fronteiras da Rússia e sobre o oceano Ártico.

"Na atual situação, temos de manter a presença militar no oeste do Atlântico e no leste do Pacífico, bem como no Caribe e no golfo do México".

Editoria de Arte/Folhapress

O aumento da duração dos voos exigirá esforços de manutenção, e o governo já deu diretivas às indústrias.

Bombardeiros russos com capacidade nuclear faziam patrulhas regulares em todo o Atlântico e o Pacífico durante a Guerra Fria. Mas a prática foi abolida com a crise da era pós-soviética.

Com Vladimir Putin, as patrulhas com bombardeiros foram retomadas e se tornaram mais frequentes nas últimas semanas, quando a Otan relatou um aumento desses voos sobre os mares Negro, Báltico e do Norte.

PORTOS E BASES

No início deste ano, Shoigu disse que a Rússia planejava ampliar sua presença militar em todo o mundo.

O país buscou permissão para que navios da Marinha usem portos na América Latina, na Ásia e em outros lugares para manutenção.

A Rússia também estaria conversando com alguns países para que os seus bombardeiros de longo alcance possam usar suas bases para se reabastecer.

Em Sófia, na Bulgária, o comandante em chefe da Otan, Philip Breedlove, afirmou que tropas russas entraram no leste da Ucrânia.

"Vimos colunas de equipamentos, tanques, sistemas de defesa antiaérea, artilharia e tropas de combate entrarem na Ucrânia", disse em Sófia.

Quase simultaneamente, o ministro ucraniano de Defesa, Stepan Poltorak, informou, em reunião do governo, que seu país já se prepara para combater russos e separatistas no leste do país.

"Observamos um reforço dos grupos terroristas e dos militares russos. Observamos seus movimentos, sabemos onde estão. Nossa tarefa principal é nos prepararmos para o combate", afirmou.

Ainda nesta quarta, em conversa telefônica com o secretário de Estado americano, John Kerry, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, pediu um diálogo direto entre os separatistas e o governo ucraniano.

Ele quer que seja respeitado o cessar-fogo acordado entre as partes em setembro.


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