Folha de S. Paulo


Em discurso pela morte de Arafat, Abbas acusa Hamas de atacar Fatah

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, acusou nesta terça-feira (11) o movimento islamita radical Hamas de tentar sabotar e destruir a reconciliação palestina, depois de uma série de explosões contra bens e dirigentes de seu partido, o Fatah, na faixa de Gaza.

"Quem realizou explosões em Gaza foram os dirigentes do Hamas, e eles são os responsáveis", disse Abbas durante um discurso em Ramallah, na Cisjordânia, por ocasião do décimo aniversário da morte de Yasser Arafat, líder palestino.

Uma série de explosões atingiu na sexta-feira (7) bens de dirigentes do Fatah na faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas desde 2007.

O Hamas respondeu ao que chamou de "mentiras e insultos de Abbas".

Abbas Momani/AFP
Mahmud Abbas discursa em cerimônia para lembrar morte do líder palestino Yasser Arafat
Mahmud Abbas discursa em cerimônia para lembrar morte do líder palestino Yasser Arafat

Os atos em lembrança a Arafat foram cancelados na faixa de Gaza por razões de "segurança", segundo um comunicado oficial do Hamas.

Esse é o pior episódio de tensão entre o Fatah, que governa na Cisjordânia, e o Hamas, que controla Gaza, depois do recente acordo de conciliação entre os dois grupos.

Fatah e Hamas acertaram em maio a formação de um gabinete conjunto. Os partidos chegaram a travar uma guerra em 2007.

Em setembro, o Hamas e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), cujo principal membro é o Fatah, concordaram em permitir que o governo de unidade, ameaçado pelas inúmeras divergências entre as partes, governe em Gaza.

TENSÃO

A troca de acusações entre os palestinos ocorre num contexto de tensão com os israelenses depois de uma série de ataques e confrontos.

Em Jerusalém e na Cisjordânia, palestinos atropelaram e atacaram israelenses com facas nos últimos dias.

Nesta terça, um palestino foi morto pelo Exército israelense na Cisjordânia.

No fim de semana, a comunidade árabe-israelense protestou contra a morte de um jovem por forças israelenses no norte do país.

Durante um encontro de seu partido, o Likud, no Parlamento israelense (Knesset), o primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, sugeriu nesta segunda (10) que os cidadãos árabe-israelenses que desaprovam as políticas de seu governo se mudem para "Gaza ou Cisjordânia".

Além disso, protestos quase diários têm ocorrido nos bairros de Jerusalém Oriental e na Esplanada das Mesquitas, um local sagrado para judeus e muçulmanos.


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