Folha de S. Paulo


Canadá nega visto a cidadãos de países atingidos pelo ebola

O Canadá anunciou na tarde de sexta (31) que suspenderá pedidos de visto de cidadãos de países da África Ocidental, epicentro do surto de ebola.

A Austrália já tinha tomado decisão parecida, criticada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), no começo da semana.

A proibição se aplica a países com "transmissão disseminada e persistente" do vírus que matou mais cerca de 5.000 pessoas nos últimos meses, afirmou o governo canadense.
Serra Leoa Guiné e Libéria são as três nações com o maior número de casos.

Ainda que o Canadá não tenha registrado nenhum caso de ebola, o Ministério da Cidadania do país afirmou que "a introdução ou disseminação da doença imporia um risco sério e iminente à saúde do país ".

Um porta-voz do governo afirmou que a ação é menos restritiva do que a da Austrália, mantendo a possibilidade de emissão de vistos para quem tiver um passaporte desses países, ou neles residir.

A proibição não se aplica a canadenses que tenham viajado para a África Ocidental -o que permite o retorno de profissionais de saúde que foram trabalhar como voluntários na epidemia

Não há voos diretos dos três países mais afetados ao Canadá, e considera-se baixo o número de visitantes desses países.

A OMS não considera a proibição de viajar uma medida eficaz no combate à doença e as proibições iriam contra as Regulações da Saúde Internacional, tratado da OMS que os dois países que impuseram o veto assinaram em 2005

A prioridade número um é proteger os canadenses, afirmou em nota a ministra da Saúde do Canadá, Rona Ambrose

"Uma coisa que demorou tantos anos para ser obtida, em que se gastou tanto tempo e tanto dinheiro parece estar se desintegrando com o pânico do ebola", disse David Fidler, professor na Universidade de Indiana, nos EUA

"Fechar fronteiras não vai parar a doença", afirmou na quarta (29) Margaret Chan, diretora-geral da OMS.

O governo afirmou que cidadãos canadenses e turistas de países que não precisam de um visto para entrar no país continuarão passando por testes ao entrar no país.

Funcionários do governo Obama se recusaram a criticar a ação. Apenas afirmaram a agências de notícias que o Canadá segue sendo um importante parceiro dos EUA no esforço contra o ebola.

Stephane Dujarric, porta-voz da Organização das Nações Unida, afirmou que o esforço do Canadá em combater a epidemia de ebola é bem-vindo, mas também afirmou que não se deve isolar os três países mais afetados pela doença nem estigmatizar seus cidadãos.


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