Folha de S. Paulo


Ex-participante de reality show vira aposta democrata em Estado dos EUA

Um cantor gay, finalista do programa de talentos "American Idol", é a tentativa democrata de conseguir eleger um deputado federal no conservador Estado da Carolina do Norte.

Novato na política partidária, Clay Aiken, 35, tenta derrotar uma deputada republicana em um distrito em que o presidente democrata Barack Obama perdeu tanto em 2008 quanto em 2012.

Aiken vendeu mais de 2 milhões de álbuns de seu disco de estreia, em 2003, quando ficou em segundo lugar no "American Idol".

Ele virou uma rara celebridade revelada em reality shows que permaneceu na mídia na década seguinte.

Fez participações especiais em seriados como "30 Rock" e "Scrubs", gravou outros quatro discos e, ninguém é perfeito, ainda concorreu no programa "O aprendiz –Celebridades", apresentado por Donald Trump (no qual novamente ficou em segundo lugar).

As pesquisas dizem que dificilmente Aiken vai derrotar a deputada republicana Renee Ellmers (ele está sete pontos percentuais atrás dela), mas ele conseguiu atrair bastante atenção à disputa na Carolina do Norte, em meio a uma eleição legislativa modorrenta.

Apenas de 35% a 40% dos eleitores americanos registrados devem votar na próxima terça-feira (4) na eleição que servirá para renovar os 435 deputados da Câmara e 36 dos 100 senadores.

Entre os mais jovens, a apatia é dominante. Na faixa de eleitores entre 18 e 29 anos, apenas 23% pensam em votar, segundo pesquisa do Instituto de Política da Universidade Harvard.

"Aiken é conhecido por todo mundo aqui, sempre teve uma imagem positiva, e os locais estão acostumados a votar nele em concursos na TV", brinca o cientista político Steven Greene, da Universidade Estadual da Carolina do Norte. "Os democratas estão tentando nomes já conhecidos em lugares onde têm chances mínimas", diz.

SEM CANTAR

Os comícios de Aiken são bastante concorridos, e ele faz dezenas de selfies com fãs, que talvez virem eleitores. Mas, por enquanto, ele tem se recusado a cantar.

Aiken arrecadou mais dinheiro para a sua campanha do que a deputada republicana. Antes de concorrer, militava em organizações pelos direitos gays e das pessoas com dificuldades de aprendizado, além de ter sido embaixador da Unicef.

Ao contrário de décadas passadas, em que celebridades tiveram sucesso na política, de atores como Ronald Reagan, Arnold Schwarzenegger e Fred Thompson, o lutador Jesse Ventura e o comediante Al Franken, a atual eleição tem raros nomes mais populares.

A atriz Ashley Judd, 46 (de "Frida"), até ensaiou concorrer ao Senado pelo Estado de Kentucky, depois de fazer um mestrado em políticas públicas por Harvard, mas desistiu depois de uma série de ataques negativos na televisão local.

Já Aiken diz que gostaria de ser lembrado no futuro mais pela política do que pela música.


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