Folha de S. Paulo


Famílias de estudantes criticam presidente do México após reunião

Os pais dos 43 estudantes que desapareceram há mais de um mês no México afirmaram nesta quarta-feira (29) que as promessas do presidente do país, Enrique Peña Nieto, "não são suficientes" e garantiram que querem que seus filhos sejam encontrados com vida.

Apesar dos esforços do governo, "não há resultados para nós", disse Melitón Ortega, um dos pais dos estudantes desaparecidos, após um encontro de quase seis horas com Peña Nieto.

O porta-voz dos parentes dos estudantes, Felipe de Jesús de la Cruz, garantiu que as famílias não confiam no governo, nem no trabalho que está sendo feito. "O sofrimento não se negocia", "a vida de nossos filhos não tem preço", disse.

"Temos certeza que estão vivos", afirmou Felipe, que acrescentou que se o governo "não tem competência" para oferecer resultados, então a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) deveria intervir na busca de seus filhos.

Também se referiu ao "inferno" vivido pelos pais há mais de um mês e reiterou que as famílias vão esperar pelos exames de DNA feitos por legistas argentinos nos corpos encontrados em valas comuns, pois acreditam que os resultados da Procuradoria-Geral da República "não são confiáveis".

Segundo a Procuradoria-Geral, os corpos encontrados não são dos estudantes.

Para Felipe, enquanto os resultados dos exames feitos pelos especialistas argentinos não estiverem prontos, as buscas têm que continuar.

Após a reunião com os familiares dos estudantes desaparecidos, o presidente Peña Nieto anunciou uma série de acordos, entre eles o de "fortalecer os esforços de localização com um novo plano de busca".

Além disso, o chefe de Estado disse em mensagem ao país que foi estipulada a criação de uma comissão mista de acompanhamento e informação "com o propósito de mantê-los (os cidadãos do país) informados cotidianamente sobre as investigações".

O CASO

Os 43 estudantes desapareceram em uma emboscada em Iguala (a 192 km da Cidade do México), no Estado de Guerrero, em 26 de setembro.

Segundo a Procuradoria-Geral, eles foram atacados por policiais de Iguala e traficantes na saída da cidade. Na ação, cinco pessoas morreram e 26 ficaram feridas.

Os promotores acusam o prefeito da cidade, José Luis Abarca, de ter se unido ao cartel do tráfico Guerreros Unidos para fazer a emboscada. Ele está foragido há um mês.


Endereço da página:

Links no texto: