Folha de S. Paulo


Enforcada no Irã mulher condenada por matar seu suposto estuprador

Golara Sajadieh/Efe
A iraniana Rayhaneh Jabbari em um tribunal de Teerã, em 2008
A iraniana Rayhaneh Jabbari em um tribunal de Teerã, em 2008

As autoridades judiciais do Irã enforcaram na madrugada desde sábado (25) Reyhaneh Jabbari, uma jovem de 26 anos condenada à morte por matar um homem que supostamente a teria estuprado, disse à agência Efe sua mãe, a atriz iraniana Shole Pakravan.

Ela foi condenada à forca pela morte do médico Morteza Abdolali Sarvandi, ex-funcionário do Ministério de Inteligência.

No final de setembro, a jovem, presa desde 2006, quando tinha 19 anos, foi transferida do centro penitenciário em que cumpria pena para a prisão de Rajaishahr, perto de Teerã, onde se realizam execuções.

Foi quando foram reativadas as campanhas e os pedidos internacionais para evitar o enforcamento, que foi suspenso temporariamente.

Organizações defensoras dos direitos humanos, como Anistia Internacional e Human Rights Watch, pediram o cancelamento da sentença por considerar que o julgamento de Jabbari não contou com as garantias necessárias.

A União Europeia também pediu que as autoridades iranianas revogassem a decisão judicial e realizem um novo processo.

Mais de 240 mil pessoas assinaram um abaixo-assinado no Avaaz para pedir a suspensão da execução alegando que a jovem "atuou em defesa própria". No Facebook há diversas campanhas para apoiar sua causa, com páginas intituladas "Eu sou Reyhaneh Jabbari" e "Salvemos a Reyhaneh Jabbari da execução no Irã".

O relator especial da ONU para os direitos humanos no Irã, Ahmed Shaheed, também pediu que a execução fosse cancelada e um novo julgamento realizado, por entender que parte da acusação se baseou em uma confissão obtida sob tortura.

Mês passado as autoridades iranianas intermediaram sem sucesso a tentativa de conseguir o perdão da família do falecido, que se negou a exercer esse direito, dado pela lei de guesas (lei islâmica de "olho por olho", que exige o pagamento de sangue com sangue) que impera no Irã.

"Quero que o direito do sangue de meu pai seja cobrado o mais rápido possível", declarou à agência Efe há duas semanas Jalal Sarvandí, filho da vítima.


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