Folha de S. Paulo


Estudantes convocam referendo em Hong Kong para decidir futuro de atos

Os líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong convocaram uma consulta entre os manifestantes no domingo para decidir se devem aceitar as propostas que o governo apresentou na terça-feira (21) para seguir adiante com a negociação sobre uma possível reforma eleitoral.

A informação foi dada pelo secretário da Federação de Estudantes, Alex Chow, junto de Benny Tai, um dos co-fundadores de Occupy Central –dois dos grupos que lideram os protestos, para a multidão concentrada na noite de quinta-feira no bairro de Admiralty, em frente à sede do Executivo de Hong Kong.

A decisão foi tomada depois do histórico, mas infrutífero diálogo entre os estudantes e o governo nesta terça (21). Os manifestantes continuam acampados em três pontos da cidade já há quase um mês.

Os organizadores dos protestos definiram a votação popular como um exercício democrático que buscará conhecer a opinião dos manifestantes sobre que direção as negociações com o governo devem tomar, mas que não implica uma retirada imediata das zonas de protesto.

A votação, que será aberta ao público, acontecerá domingo à noite na área ocupada pelos manifestantes do distrito de Admiralty, no centro financeiro da cidade, e de onde os protestos são dirigidos desde 28 de setembro.

Durante o primeiro diálogo entre estudantes e o governo na terça-feira, a secretária em Chefe do Executivo, Carrie Lam, ofereceu aos estudantes a possibilidade de enviar um relatório ao governo chinês que refletisse a opinião deles sobre a reforma eleitoral elaborada pela Assembleia Nacional Popular (ANP) para Hong Kong, na qual se restringe a livre escolha de candidatos ao governo da cidade para as eleições de 2017.

Lam avaliou a possibilidade de criação de uma plataforma na qual diferentes setores sociais da cidade, incluídos os estudantes, pudessem participar do desenvolvimento de uma possível reforma constitucional de longo prazo para Hong Kong.

A Federação dos Estudantes rejeitou em primeira instância as ofertas do governo por considerar que não tinham poder vinculativo para reverter a decisão da ANP, tomada em agosto.

O governo chinês determinou o sufrágio universal nas eleições de 2017, mas apenas três candidatos escolhidos por um comitê de 1.200 pessoas poderão concorrer.

Os ativistas afirmam que as regras representam uma "falsa democracia", já que o comitê é dominado por grupos simpáticos ao governo chinês

No distrito de Mong Kok grupos de manifestantes reforçaram barricadas durante a noite depois de algumas trincheiras terem sido retiradas por opositores ao movimento durante os confrontos de quinta-feira.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU deu um incentivo aos manifestantes na quinta-feira ao pedir que a China garanta o sufrágio universal em Hong Kong, incluindo o direito de concorrer às eleições.

PEDIDO

O ex-chefe do governo de Hong Kong Tung Chee-hwa pediu nesta sexta-feira aos manifestantes pró-democracia que abandonem as ruas e alertou que, caso o protesto prossiga, poderá haver consequências muito sérias para a economia local.

O primeiro dirigentes local depois da devolução da ex-colônia britânica para a China, em 1997, e que em 2005 deixou o cargo após protestos em massa, reapareceu para pedir uma saída pacífica para o conflito.

"É preciso acabar com a ocupação das ruas não apenas porque estão prejudicando a convivência e a rotina, como também porque se trata de uma grande violação da lei", disse Tung em sua primeira aparição na imprensa desde o início dos protestos.

Os líderes estudantis do movimento pró-democracia deram a entender na quarta-feira que podem abandonar o diálogo com o governo, acusado de não tomar nenhuma iniciativa para ajudar a acabar com mais de três semanas de manifestações.


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