Folha de S. Paulo


Vistoriar passageiros de países com ebola tem efeito limitado, diz OMS

Verificar se os passageiros apresentam sintomas de ebola em sua chegada deve ter um efeito limitado em impedir que o vírus se espalhe, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (22).

O órgão disse que a decisão de vistoriar os passageiros é de cada país.

"A vistoria na entrada pode ter um efeito limitado na redução da propagação internacional [do vírus] quando adicionada à triagem da saída, e suas vantagens e desvantagens devem ser cuidadosamente consideradas", disse o comitê de emergência da OMS sobre ebola em um comunicado após a sua terceira reunião.

Os passageiros já estão sendo checados quando deixam a Libéria, Serra Leoa e Guiné, uma medida fundamental para a redução da exportação do vírus, segundo a OMS.

A comissão de especialistas, que se reúne virtualmente para aconselhar a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que alguns países tinham adotado essa triagem na entrada de passageiros e deveriam compartilhar suas experiências e lições aprendidas.

Os Estados Unidos, por exemplo, anunciaram que todos os passageiros vindos de países afetados serão monitorados por 21 dias (período de incubação do vírus). O país também concentrou a chegada desses passageiros em apenas cinco aeroportos.

O comitê também disse que alguns países sem casos de ebola haviam cancelado reuniões internacionais e encontros sobre o tema, que a OMS não recomenda.

O órgão reconheceu, porém, que tais decisões devem ser analisadas caso a acaso.

Competidores e delegações de países com transmissão de ebola não devem ser sujeitos a uma proibição geral de participar de eventos no exterior, apesar de também ser necessário analisar caso a caso.

Vários países –incluindo Haiti, República Dominicana, Colômbia, Jamaica e Coréia do Norte– têm restringido a entrada de pessoas vindas de países de risco, embora o comitê tenha dito que não deve haver nenhuma proibição geral de viagens ou de comércio internacional.

"A proibição de viagens em geral pode causar dificuldades econômicas, e poderia, consequentemente, aumentar a migração descontrolada de pessoas de países afetados, aumentando o risco de propagação internacional de ebola", afirmou.

A OMS disse estar preocupada com a situação na Libéria, Guiné e Serra Leoa.

A organização indica que aumentou seu apoio aos três países e enfatizou que sua prioridade é deter a transmissão do vírus nestas nações.

O surto de ebola já matou pelo menos 4.877 pessoas em 9.936 casos registrados, segundo dados da OMS divulgados na quarta (22).


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