Folha de S. Paulo


Líderes de Rússia e Ucrânia discutem crise em reunião com líderes europeus

As conversações entre a Rússia, Ucrânia e governos europeus nesta sexta-feira (17) foram "repletas de mal-entendidos e desentendimentos" disse o Kremlin.

O presidente russo Vladimir Putin apertou a mão do líder ucraniano, Petro Poroshenko, no começo de uma reunião com líderes europeus, à margem de uma cúpula Ásia-UE, com o objetivo de se chegar a uma solução para um cessar-fogo no leste da Ucrânia e resolver uma disputa sobre fornecimento de gás.

Mundialíssimo: O que está acontecendo na Ucrânia

Os dois foram recebidos pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, na prefeitura de Milão. A chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês François Hollande, o primeiro-ministro britânico David Cameron e os dirigentes da União Europeia, Herman Van Rompuy e José Manuel Barroso, também participam no encontro.

"Foi bom, foi positivo", disse um sorridente Putin a repórteres após a primeira reunião.

Daniel Dal Zennaro/AFP
Presidentes de Rússia, Vladimir Putin (esq.), e Ucrânia, Petro Poroshenko, se cumprimentam durante reunião em Milão com líderes europeus
Líderes de Rússia, Vladimir Putin, e Ucrânia, Petro Poroshenko, se encontram durante reunião em Milão

No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que "certos participantes" haviam tido uma abordagem "absolutamente enviesada, não-flexível, não-diplomática" sobre a Ucrânia.

"As conversas são de fato difíceis, repletas de mal-entendidos, desacordos, mas, no entanto, elas estão em andamento, a troca de opiniões está em progresso", acrescentou.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também deu declarações pessimista. "Não posso ver avanços aqui, de modo algum, até agora", disse Merkel. "Vamos continuar a falar. Registaram-se progressos em alguns detalhes, mas a questão principal é a contínua violação da integridade territorial da Ucrânia", acrescentou.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, apesar de ter considerado o encontro como positivo, afirmou que a Rússia deve retirar as tropas e armas da Ucrânia, reconhecendo a legitimidade das eleições realizadas no país. Caso isso não ocorra, ele defende a manutenção das sanções da União Europeia contra os russos.

O Ocidente impôs sanções sobre a Rússia em resposta à sua anexação da Crimeia, antes território ucraniano, e por seu apoio aos separatistas na Ucrânia.

Líderes europeus pediram que a Rússia tome mais providências para encerrar as constantes e mortais violações de um cessar-fogo acertado entre Putin e Poroshenko no dia 5 de setembro em Minsk, dizendo que a Rússia precisa cumprir seus compromissos.

GÁS

Depois da reunião, Poroshenko e Putin se encontraram novamente, com a presença de Hollande e Merkel.

Rússia e Ucrânia concordaram sobre as bases de um contrato para resolver a disputa sobre o fornecimento de gás. "Chegamos a um acordo sobre os principais parâmetros do contrato", disse Poroshenko.

A Ucrânia vem recebendo gás da Europa desde que a Rússia interrompeu o fornecimento ao país, no dia 16 de junho.

Moscou é responsável por 1/3 do gás consumido na Europa, parte do qual chega ao continente pela Ucrânia.

No entanto, houve uma inversão do fluxo, para que a Europa suprisse a Ucrânia após a crise com a Rússia.

O país interrompeu o fornecimento à Ucrânia depois que Kiev não pagou os US$ 1,95 bilhões exigidos pela estatal russa Gazprom pelo gás já exportado.

A crise de gás entre os países começou depois que o ex-presidente ucraniano Viktor Yanucovich, aliado de Moscou, foi derrubado em fevereiro.


Endereço da página:

Links no texto: