Folha de S. Paulo


Polícia de Hong Kong entra em choque com manifestantes para liberar túnel

Centenas de policiais foram mobilizados para retirar manifestantes pró-democracia de um túnel nas proximidades da sede do governo, na início da manhã desta quarta (fim da tarde no Brasil).

Nesta terça, a polícia já havia removido barricadas que estavam havia mais de 15 dias no bairro Admiralty.

O túnel foi bloqueado por um grande grupo de manifestantes, que expandiu a área de protestos depois de ter sido expulso das ruas ocupadas anteriormente.

Os policiais, equipados para um confronto com capacetes e escudos e usando spray de pimenta, foram para o túnel em número menor que os manifestantes. Saíram e retornaram horas mais tarde, com reforço, quando conseguiram tirar os bloqueios.

Philippe Lopez/AFP
Com camiseta do Corinthians, ativista pró-democracia é detido por policiais durante ato próximo da sede do governo em Hong Kong
Com camiseta do Corinthians, ativista pró-democracia é detido por policiais durante ato em Hong Kong
Editoria de Arte/Folhapress

Após o confronto, as autoridades anunciaram a detenção de 37 homens e de oito mulheres, e a liberação da Lung Wo Road, avenida próxima à sede do executivo de Hong Kong.

De acordo com o jornal "South China Morning Post", alguns manifestantes foram agredidos.

Jornalistas também foram alvo da força policial. Um deles, Daniel Cheng, repórter de um portal digital, foi liberado com cortes e contusões, após comprovar sua identidade.

É a terceira semana de ocupação de áreas importantes da cidade por estudantes, que protestam contra a decisão chinesa de permitir apenas a participação de candidatos escolhidos pelo governo central nas eleições diretas no território, previstas para 2017.

Os manifestantes também pedem a renúncia do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying. O chefe do governo local afirmou que a chance de a China mudar as regras para a eleição é de "quase zero".

A tensão cresce tanto do lado dos manifestantes quanto do lado do governo.

"Acho que o governo não nos respeita", disse à agência Associated Press o manifestante Kevin Chan. "Eles [o governo] têm de negociar conosco e firmar um compromisso, caso contrário nós não vamos ceder."

As manifestações são um desafio sem precedentes para o governo do território.

Os organizadores dos protestos afirmam que mais de 200 mil pessoas foram às ruas para manifestações pacíficas desde que a polícia usou gás de pimenta para dispersar manifestantes desarmados no dia 28 de setembro.

A polícia também tem demonstrado impaciência crescente nas operações em áreas de protesto, sobretudo naquelas onde o fluxo de trânsito é interrompido, como no caso do túnel.

A remoção dos bloqueios no túnel ocorreu pouco depois da retirada de barricadas, na manhã de terça (noite de segunda no Brasil), em que a polícia usou serras elétricas e martelos.

A resposta dos manifestantes veio com a ocupação do túnel com pneus, pedaços de metal, blocos de concreto retirados de diques e barreiras de segurança de plástico preenchidas com água para dificultar a remoção.

Algumas partes formavam no chão o desenho de um guarda-chuva, que se tornou símbolo dos protestos (as manifestações tiveram início no período chuvoso).


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