Folha de S. Paulo


Risco de ebola no Brasil é muito baixo, mas não é zero, diz governo

O risco de um viajante infectado com o vírus ebola chegar ao Brasil e a outros países da América do Sul continua "muito baixo", mas "em nenhum país do mundo é zero", disse Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde.

"Em nenhum país do mundo [o risco] é zero, nem na Coreia do Norte é zero, –pode ser o menor risco do mundo por ser um país totalmente isolado, mas pode chegar alguém [infectado]. Países com colônia grande [de pessoas dos países com transmissão] e voo direto têm mais chance, ou com comércio forte e fronteira entre países têm mais chance.

Para o Brasil e outros países da América do Sul, o risco é muito baixo para importação de um caso. Mas baixa probabilidade não significa zero. Por isso, temos um processo de preparação", afirmou o secretário durante reunião do Conselho Nacional de Saúde, nesta quinta-feira (9).

Mesmo com o avanço da doença, sobretudo em três países africanos, e a identificação de um caso "importado" de ebola nos Estados Unidos, o Brasil não pretende mudar o protocolo para passar a avaliar a temperatura de viajantes que cheguem ao Brasil, diz Barbosa.

De acordo com ele, experiências sanitárias anteriores, como SARS e influenza aviária, mostraram que não é eficaz o esforço de medir temperaturas nos aeroportos, até porque o viajante pode chegar ao país sem sintomas.

Barbosa diz que o reforço que o Brasil está fazendo é com as secretarias de saúde locais para que os sintomas de ebola sejam corretamente informados a hospitais públicos e privados, para que os serviços possam identificar rápido eventuais casos que sejam trazidos ao país.

Em cada Estado brasileiro foi identificado um hospital de referência para o ebola, que recebeu testes rápidos para o diagnóstico de malária. "O mais provável é que cheguem pessoas da África com febre e que seja malária."

Esses hospitais serão responsáveis por isolar eventuais pacientes com suspeita ou confirmação para o ebola, até que a pessoa seja transferida para um dos dois hospitais apontados pelo governo para o tratamento: o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (RJ) e o Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP).

Até agora, o Brasil não registrou nenhum caso suspeito de ebola que preencha os critérios da doença, e nenhum teste laboratorial foi feito para identificar o vírus. Barbosa, por outro lado, disse receber um ou dois questionamentos semanais de serviços de saúde brasileiros sobre eventuais suspeitas –todas rapidamente descartadas.

Nesta sexta (10), o governo brasileiro deve anunciar um novo conjunto de doações para os países mais afetados pelo ebola na África. É possível que toda a doação não seja feita diretamente em dinheiro, mas em bens (como equipamentos e alimentos), com o objetivo que a ajuda chegue de forma mais direta e rápida.


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