Folha de S. Paulo


Brasil quer usar doação a afetados pelo ebola para ajudar indústria

Depois de sofrer pressões de ONGs para aumentar sua ajuda aos países afetados pelo ebola, o governo brasileiro estuda agora uma maneira de elevar as doações ao mesmo tempo em que faz promoção comercial na África.

O Brasil deve anunciar até sexta-feira uma ajuda adicional para o combate à doença. Mas a Presidência determinou que boa parte da doação extra seja feita em material –ambulâncias, helicópteros, geradores– para incentivar a indústria nacional.

Pessoas que acompanham a negociação advertem que a logística de entregar esses bens nos locais afetados é um pesadelo e isso deve atrasar ainda mais as doações. "As pessoas não têm noção do custo e da dificuldade de fazer esses bens chegarem até a Libéria e Serra Leoa neste momento; doar em dinheiro seria muito mais eficiente", diz um integrante do governo.

Nesta terça, o tema foi discutido entre o chanceler Luiz Alberto Figueiredo e os ministros Arthur Chioro (Saúde) e Celso Amorim (Defesa), além de representante da Secretaria-Geral da Presidência. "A reunião foi convocada por determinação da presidente. É uma demanda que deve ter sido feita a outros países também", disse o porta-voz do Itamaraty, Antônio Tabajara.

Uma amostra da dificuldade são as doações de alimentos. A presidente Dilma Rousseff já liberou milhares de toneladas de feijão e arroz para países afetados, mas eles ainda estão no Brasil, pois não há verba para o transporte.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo para a doação de equipamentos para a região. Em Serra Leoa, por exemplo, há quatro ambulâncias para mais de 400 mil pessoas em Kailahun, o distrito mais afetado.

EUA e Japão enviaram geradores e ambulâncias, mas se encarregaram dos custos de transporte. O volume de doações do Brasil foi criticado por ONGs. Enquanto o país doou R$ 1 milhão, Índia doou US$ 12 mi, África do Sul, US$ 3 mi e China, US$ 36 mi.

Colaborou FLÁVIA FOREQUE


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