Folha de S. Paulo


Paciente com ebola mentiu antes de viajar aos EUA, afirma Libéria

A Libéria planeja processar o passageiro que levou o vírus ebola aos EUA, dizendo que ele mentiu em um questionário do aeroporto ao afirmar que não teve nenhum contato com uma pessoa infectada, disseram autoridades nesta quinta-feira (2). A agência de aeroportos da Libéria obteve permissão do Ministério da Justiça para ir atrás do caso.

O liberiano Thomas Eric Duncan, de cerca de 40 anos, respondeu a uma série de questões sobre sua saúde e atividades antes de partir para Dallas, no Texas. Em um formulário de 19 de setembro obtido pelo Associated Press, ele respondeu não a todas as perguntas. Entre outras questões, o formulário questionou se Duncan cuidou de algum paciente com ebola ou tocou o corpo de alguém que tivesse morrido na área afetada pelo vírus fatal.

Vizinhos na capital da Libéria, Monróvia, acreditam que Duncan se infectou quando ajudou a colocar uma grávida de 19 anos em um táxi há algumas semanas e a acompanhou na busca de tratamento. A mulher tinha convulsões e reclamava de dores na barriga, com todos pensando que seus problemas tivessem relação com seu sétimo mês de gravidez. Nenhuma ambulância foi buscá-la, e o grupo que a colocou no táxi não encontrou um hospital. Ela morreu e, nas semanas seguintes, todos os vizinhos que a ajudaram ficaram doentes ou morreram, disseram.

Editoria de Arte/Folhapress

No Texas, autoridades contataram até 100 pessoas que podem ter tido contato direto ou indireto com Duncan ou com alguém próximo a ele, enquanto outras quatro parentes foram postos em quarentena em um apartamento em Dallas. Segundo autoridades de Dallas, esse total inclui de 12 a 18 pessoas tiveram contato direto com o liberiano, que viajou da Libéria ao Texas via Bruxelas e Washington há duas semanas, enquanto as demais tiveram contato com pessoas desse grupo.

A porta-voz dos serviços de saúde de Dallas, Erikka Neroes, informou que todas essas pessoas estão sendo monitoradas e não apresentaram sintomas até o momento. Entre elas, estão três membros da equipe da ambulância que levou o homem ao hospital e cinco crianças que foram à casa da família de Duncan ao longo do último final de semana.

MONITORAMENTO

Os membros da família de Duncan devem ficar em casa até o dia 19 de outubro e não podem receber nenhuma visita sem aprovação, disseram autoridades. O período máximo de incubação do vírus é de 21 dias. Normalmente, os sintomas da doença aparecem até dez dias após a infecção.

Duncan foi internado no Hospital Presbiteriano de Saúde do Texas no domingo (28), depois de ter chegado aos EUA no dia 20. Ele havia procurado o hospital antes, no dia 26, mas foi mandado de volta para casa mesmo tendo avisado que estivera na Libéria.

Seu caso causou preocupação nos EUA, já que a maior epidemia de ebola já registrada matou pelo menos 3.338 pessoas na África.

VÔMITO

Pouco antes de entrar na ambulância, Duncan foi visto vomitando em frente ao edifício. "Toda a sua família estava gritando. Ele estava vomitando em todo o lugar", disse o morador Mesud Osmanovic, 21, à Reuters.

O ebola se propaga através do contato com fluidos corporais, como sangue ou saliva. O vírus não é transmitido pelo ar, o que limita sua propagação. As autoridades de saúde dos EUA disseram que o sistema de saúde do país está bem preparado para conter a propagação do ebola por meio de acompanhamento cuidadoso das pessoas que tiveram contato com o paciente infectado.


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