Folha de S. Paulo


Ucrânia não vai reconhecer eleições de separatistas, diz Poroshenko

A Ucrânia não vai reconhecer as eleições locais anunciadas por separatistas no leste do país, disse o presidente Petro Poroshenko nesta quinta-feira (25).

Poroshenko disse esperar que a Rússia tome a mesma decisão.

A Ucrânia havia proposto a realização de eleições locais, sob o controle de Kiev, nas áreas separatistas em dezembro. Os rebeldes, porém, querem realizar suas próprias eleições em novembro.

Em outubro, a Ucrânia terá eleições parlamentares, e Poroshenko disse esperar que uma maioria reformista seja eleita para levar adiante um programa para tornar o país mais atrativo como um parceiro europeu.

A estratégia prevê 60 reformas e programas sociais na Ucrânia para solicitar a entrada na UE dentro de seis anos, segundo o gabinete da presidência.

Poroshenko disse que áreas prioritárias da reforma incluem acabar com a corrupção e descentralizar o poder, além de reformar o sistema fiscal e as forças de segurança. O país também quer trabalhar para garantir independência energética.

"O objetivo das nossas reformas ambiciosas é alcançar padrões de vida europeus e, no ano de 2020, lançar a candidatura a membro da União Europeia", disse em entrevista coletiva.

Também nesta quinta, Poroshenko autorizou o governo a fechar temporariamente a fronteira do país com a Rússia para deter a "interferência" de Moscou nos assuntos nacionais.

Os postos de fronteira serão fechados ao ao tráfego de veículos, marítimo e de pedestres.

Desde a derrubada do presidente Viktor Yanucovich, aliado de Moscou, em fevereiro, a Ucrânia vem se distanciando da Rússia e estreitando os laços com a Europa.

A saída de Yanucovich e a anexação da península da Crimeia por Moscou em março provocaram o início dos combates entre as tropas ucranianas e os separatistas. O conflito já deixou mais de 3.200 mortos.

Os países ocidentais acusam a Rússia de apoiar com tropas e armas os rebeldes separatistas do leste ucraniano.

VALAS

Os separatistas informaram nesta quinta-feira que encontraram cerca de 40 os corpos de civis em valas comuns na região de Donetsk, segundo o site Rusnovosti.

O primeiro-ministro da República Popular de Donetsk, Aleksandr Zakharchenko, disse ao site que os corpos foram achados em uma das três valas comuns localizadas na cidade Nizhniaya Krinka e seus arredores.

Zakharchenko, cuja autoridade não é reconhecida pelo governo central da Ucrânia, acrescentou que nas outras duas fossas estão militares ucranianos e separatistas, sem especificar o número de corpos.

Os separatistas informaram na quarta (24) sobre enterros maciços na região de Donetsk.

A chancelaria russa também falou sobre uma vala comum achada pelos rebeldes na mina número 22 da cidade de Kommunar, a 60 quilômetros de Donetsk, "com vários cadáveres meio decompostos com vestimentas civis".

"É evidente que esses indivíduos foram castigados, como denota o fato de suas mãos estarem atadas às costas, os sinais de disparos na cabeça e as cápsulas de projétil do calibre 9 milímetros perto dos corpos", assinalou.


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