Folha de S. Paulo


EUA ligam ação na Síria a ameaça terrorista

O governo dos EUA apontou nesta terça-feira (23) o risco de um ataque terrorista como uma das razões para os bombardeios na Síria, em parceria com aliados árabes.

"Uma informação de inteligência recente indicava que operadores da Al Qaeda baseados na Síria estavam se aproximando da fase de execução de um ataque na Europa ou em território americano", disse a porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Marsha Catron.

O Departamento alertou o FBI (polícia federal americana) e outros órgãos de segurança sobre as ameaças.

O grupo por trás do suposto planejamento de atentados no Ocidente é o Khorasan, vinculado à Al Qaeda (leia mais ao lado). O Pentágono confirmou ter feito oito bombardeios contra células do grupo na Síria. Neste caso, só os EUA conduziram as operações, sem os aliados árabes.

Aparentemente, os planos do Khorasan foram frustrados, pelo menos por enquanto. Segundo a rede CNN, havia o risco de um atentado usando aviões, tal como os ocorridos em 11 de setembro de 2001. A emissora disse também que o chefe da Frente al-Nusra, outro grupo radical sírio, foi morto nos bombardeios.

Inicialmente, acreditava-se que a ofensiva em território sírio só mirava o Estado Islâmico (EI). De qualquer forma, a milícia radical que controla amplas áreas no norte da Síria e do Iraque foi alvo de 14 ataques aéreos.
O presidente Barack Obama comemorou a participação de cinco nações árabes nos bombardeios.

"A força desta coalizão deixa claro para o mundo que essa não é uma luta apenas dos Estados Unidos", disse. "O trabalho todo levará tempo", afirmou, ressaltando ter o apoio de seu partido e da oposição republicana para manter a ofensiva por tempo indeterminado.

Somadas aos ataques realizados no Iraque desde o mês passado, as ações na Síria consolidam a volta militar dos Estados Unidos ao Oriente Médio.

Para Obama, a ação é delicada, já que um dos motes de sua campanha era a retirada dos soldados no Iraque.

Obama também relutou em intervir na Síria em 2013, quando a guerra civil no país, atingiu seu ápice.

LEGALIDADE

As leis internacionais proíbem ataques militares em território estrangeiro sem a permissão do país alvo ou autorização da ONU, exceto em casos de autodefesa.

O governo americano diz que os ataques na Síria são legítimos porque foram feitos em defesa do Iraque, que tem sido atacado pelo EI a partir da Síria.

Rússia e Irã criticaram a ação, dizendo que o ditador sírio, Bashar al-Assad, deveria ter sido avisado, mas o próprio regime afirma que Washington o comunicou previamente da operação.

A Casa Branca, que tenta afastar Assad de qualquer participação no combate aos extremistas, nega ter pedido autorização de Damasco.

NOVO VÍDEO

O EI divulgou um novo vídeo do jornalista britânico John Cantlie, refém na Síria.

Apresentando-se como um "cidadão britânico abandonado por seu governo", Cantlie diz que mostrará como "os governos ocidentais estão marchando de forma apressada rumo ao Iraque e à Síria sem ter aprendido as lições do passado".


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