Folha de S. Paulo


EUA e aliados bombardeiam posições do Estado Islâmico na Síria

Os Estados Unidos e aliados árabes iniciaram na madrugada desta terça-feira ataques aéreos contra posições da milícia radical Estado Islâmico (EI) na Síria, informou o Pentágono.

"Posso confirmar que forças dos Estados Unidos e das nações aliadas realizaram ações contra os terroristas do EI na Síria" com bombardeios aéreos e utilizando mísseis Tomahawk, disse o porta-voz do Pentágono, almirante John Kirby.

Segundo a agência Associated Press, o regime sírio diz que os EUA haviam informado previamente seu embaixador na ONU de que a ofensiva ocorreria.

De acordo com o "New York Times", os bombardeios ocorreram próximos a Raqqa, cidade síria onde o EI estabeleceu sua base de operações. Também de acordo com o jornal, os cerca de 20 alvos desse primeiro ataque se concentram em depósitos de armas e centros de comandos militares da facção.

Mísseis também foram disparados de navios da Marinha americana estacionados nas proximidades.

AFP
Avião americano antes de partir do golfo árabe para ofensiva na Síria
Avião americano antes de partir do golfo árabe para ofensiva na Síria

O Pentágono afirma que, além de caças americanos, também foram utilizados na operação drones e aviões de países árabes que se aliaram a Washington contra o EI.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que mencionou mais de 40 ataques, os bombardeios mataram ao menos 30 jihadistas.

A ofensiva contou com a participação de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Bahrein e Qatar, embora o papel de cada país não tenha sido detalhado.

Os bombardeios ocorreram após o presidente Barack Obama advertir, no dia 10 de setembro, que os Estados Unidos estavam preparados para atacar os militantes do grupo jihadista na Síria.

Desde o dia 8 de agosto, drones e aviões americanos atacam posições do Estado Islâmico apenas no Iraque.

Com 35.000 homens recrutados em vários países, muitos deles ocidentais, o Estado Islâmico conquistou diversas regiões na Síria e no Iraque, onde proclamou um califado.

No último dia 16, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas, general Martin Dempsey, admitiu em audiência no Senado, que não está descartado o envio de militares dos EUA para lutar ao lado dos iraquianos contra o EI.

Foi a primeira vez que um alto funcionário do governo disse, publicamente, considerar o uso de forças terrestres –o que vinha sendo rechaçado pelo presidente Barack Obama em todas as suas declarações até agora.

Segundo Dempsey, a ofensiva aérea pode não ser a solução em casos onde a meta é atacar os radicais de áreas urbanas, como Mossul. Nessas situações, um bombardeio colocaria civis em risco.

Segundo o secretário de Defesa, Chuck Hagel, da coalizão formada pelos EUA com mais de 40 países, 30 já teriam concordado em dar "suporte militar" na ofensiva contra o EI.

CONVOCAÇÃO

Mais cedo, nesta segunda (22), o Estado Islâmico convocou simpatizantes em todo o mundo a matar cidadãos de países que fazem parte da coalizão de combate à facção.

O chamado foi feito em um discurso de 42 minutos do porta-voz da milícia, Abu Mohammed Ali Adnan.

É a primeira vez que a facção incita seus apoiadores à ação em lugares fora do Oriente Médio.

São citados com ênfase americanos, franceses, canadenses e australianos –cidadãos de países da coalizão internacional contra o EI. O porta-voz da facção chama Obama de "mula dos judeus".

Também são hostilizados muçulmanos xiitas e alauítas –vertentes do Islã diferentes do sunismo, seguido pelo EI.

Também na segunda, um cidadão francês foi sequestrado na Argélia, por militantes da Al Qaeda na África do Norte. Em um vídeo, um integrante da facção diz que só soltaria o refém se a França interrompesse os ataques aéreos ao EI no Iraque.


Endereço da página:

Links no texto: