Folha de S. Paulo


Proposta de Cameron de 'podar' deputados escoceses abre crise

A proposta do primeiro-ministro David Cameron de impedir que escoceses do Parlamento britânico votem em leis sobre a Inglaterra abriu uma crise entre os partidos Conservador e Trabalhista.

Nesta segunda (22), líderes conservadores manifestaram apoio ao movimento de Cameron, anunciado na sexta (19) ao celebrar o plebiscito escocês que votou contra a separação do Reino Unido.

A medida seria para compensar a promessa de dar mais autonomia à Escócia feita durante a campanha do plebiscito em troca de derrubar a independência.

Com o resultado garantido, Cameron sinalizou a disposição de mudar as regras do Parlamento britânico e impedir que escoceses votem em leis sobre a Inglaterra.

A Escócia tem um parlamento local, embora com poderes limitados. Como não há um só para a Inglaterra, a exclusão do voto escocês em temas sobre ela seria uma forma de equilibrar a diferença, avaliam os conservadores.

O Partido Trabalhista se rebelou no fim de semana, acusando Cameron de impor algo para cumprir uma promessa que foi combinada com a oposição sem essa condição.

Ex-ministro de Relações Exteriores, o conservador William Hague argumentou que não se trata de uma condição, mas algo que deveria ser feito ao "mesmo tempo".

O pano de fundo da polêmica é o equilíbrio de forças em Londres para as eleições de 2015. Das 59 cadeiras da Escócia no Parlamento em Londres, 41 são dos trabalhistas –só uma está com o partido de Cameron. Como a Inglaterra é o país mais significativo do Reino Unido, a perda de votos em discussão de suas leis seria um duro golpe para os trabalhistas.

Cameron ainda não detalhou as medidas de autonomia aos escoceses, que ainda precisam ser votadas pelo Parlamento. Em tese, atingiriam a arrecadação e a gestão de impostos e dos recursos das áreas sociais.


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