Folha de S. Paulo


Serra Leoa inicia confinamento em todo o país para conter ebola

Serra Leoa iniciou um confinamento de três dias da população em suas casas em todo o país nesta sexta-feira (19), em um esforço para evitar a difusão do vírus ebola.

O presidente Bai Koroma fez um chamado aos moradores para que obedeçam as medidas de emergência.

As ruas da capital, Freetown, estavam desertas, mas havia de veículos com policiais e funcionários do setor de saúde.

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Estações de rádio divulgaram jingles para conscientização da doença e encorajaram residentes a permanecerem em suas casas.

"Hoje a vida de todos está em jogo, mas vamos superar esta dificuldade se todos fizermos o que nos for pedido", disse Koroma em um discurso televisionado na quinta-feira (18).

O ebola infectou cerca de 5.300 pessoas no leste da África neste ano, matando 2.630 delas, na pior epidemia desse vírus registrada até agora, segundo o último balanço da OMS.

Pelo menos 562 pessoas morreram em Serra Leoa e quase 30 mil trabalhadores de saúde, voluntários e professores buscarão visitar 1,5 milhão de casas no país de 6 milhões de habitantes em apenas três dias para informar os moradores e isolar os doentes.

Porém, as equipes tiveram um lento começo nesta sexta-feira. Voluntários do Centro de Saúde de Murray Town, na capital, disseram que ainda não receberam seus kits, contendo sabão, adesivos e folhetos informativos.

"Isso significa que vamos ficar abaixo de nossa meta para hoje, e teremos que trabalhar além das 18h (horário local) para conseguirmos isso", disse um dos voluntários.

DIFICULDADES

Há questionamentos sobre a eficácia da campanha de Serra Leoa. "Os preços dos alimentos subiram 30%. Muitas casas não que não puderam comprar (alimentos) estão passando fome", disse Ahmed Nanoh, secretário-executivo da câmara de agricultura do país.

Trabalhadores do setor de saúde que buscam conter o surto de ebola são frequentemente encarados com desconfiança pelas comunidades locais.

Em uma trágica ilustração do medo na região, uma equipe de oito pessoas que dava orientações a moradores sobre os riscos na vizinha Guiné foi morta e seus corpos atirados jogados na latrina de um vilarejo.

A Unicef, que participa do financiamento, elogiou a operação. "Nós divulgamos mensagens de prevenção na rádio, na televisão e na imprensa, mas isso não é suficiente", considerou o representante em Serra Leoa do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Roeland Monasch, citado em um comunicado.

"Se os habitantes não têm acesso à informação correta, devemos levar estas mensagens de prevenção a onde eles vivem, a sua porta", insistiu.


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