Folha de S. Paulo


ONU pede US$ 1 bilhão para combater epidemia de ebola na África

A Organização das Nações Unidas pediu nesta terça-feira (16) em Genebra quase US$ 1 bilhão para lutar contra o ebola na África Ocidental, quase o dobro dos recursos solicitados até o momento.

"É um desafio financeiro enorme", afirmou a diretora de operações humanitárias da ONU, Valérie Amos, em uma entrevista coletiva.

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A organização calcula que 22,3 milhões de pessoas vivem nas regiões afetadas pelo ebola e precisam de ajuda, segundo um documento publicado nesta terça-feira.

No documento, a ONU apresenta uma estimativa de que 20.000 pessoas estarão infectadas com o vírus do ebola até o fim do ano.

"Queremos impedir o total desmoronamento dos sistemas de saúde dos principais países afetados", disse Amos.

O coordenador da ONU para a luta contra o ebola, David Nabarro, disse que o órgão só conta com 30% dos fundos necessários.

O US$ 1 bilhão solicitado, se for arrecadado, será utilizado nos três países mais afetados (Guiné, Libéria e Serra Leoa) em ações para se conseguir cinco objetivos prioritários: deter os contágios, tratar os infectados, assegurar os serviços essenciais, preservar a estabilidade nos locais mais atingidos e prevenir novos surtos em áreas que não registraram contágios.

EPIDEMIA

O surto de ebola na África Ocidental matou 2.461 pessoas, cerca de metade dos 4.985 infectados pelo vírus, disse o diretor-geral-assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Bruce Aylward, nesta terça (16).

"Bem francamente, senhoras e senhores, essa crise que estamos enfrentando não tem paralelo nos tempos modernos", disse Aylward em entrevista coletiva em Genebra. "Não sabemos para onde os números estão indo."

Segundo ele, o número de casos pode ser mantido dentro das dezenas de milhares se houver uma "resposta muito mais rápida".

O aspecto mais grave e preocupante é que 40% dos casos surgiram nos últimos 21 dias.

CUSTOS

Para deter a epidemia é fundamental identificar as pessoas que já estão contaminadas e para isso seria necessário destinar US$ 189,5 milhões.

Além disso, US$ 23,8 milhões seriam utilizados para se garantir funerais mais seguros.

Segundo o plano, mais US$ 331,2 milhões devem ser destinados para o tratamento dos doentes e US$ 14 milhões para cuidar do corpo médico.

Além disso, para poder manter os serviços essenciais, são essenciais US$ 107,7 milhões para alimentação, US$ 97,1 milhões serviços sanitários não relacionados ao ebola, US$ 2,5 milhões para dividir como incentivo para os trabalhadores sanitários locais e US$ 64,8 milhões para recuperar a economia local.

Para preservar a estabilidade, o plano estipula que se invistam US$ 42,6 milhões para se adquirir o material necessário para enfrentar a epidemia, US$ 23,4 milhões para transporte e combustível, US$ 45,8 milhões para mobilização social e US$ 3,2 milhões para campanhas de comunicação.

O plano estabelece ainda um fundo de US$ 11,9 milhões para dar um apoio "regional" aos países.

Finalmente, para evitar que o vírus se transmita para outros deveriam ser investidos US$ 30,5 milhões.

LIBÉRIA

A resposta ao ebola na Libéria, o país mais afetado pelo surto, vai se concentrar em unidades de cuidados nas comunidades, já que novos centros de tratamento não devem estar prontos em semanas ou meses, segundo Aylward.

"A prioridade absoluta é estabelecer a capacidade suficiente para isolar rapidamente os casos existentes para evitar novas contaminações. Nós precisamos de centros de tratamento de ebola para fazer isso, [...] mas eles levam tempo para serem construídos", disse.

"É preciso semanas, se não meses, para colocar essas instalações em funcionamento", completou.


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