Folha de S. Paulo


Países de coalizão contra facção islâmica darão ajuda militar ao Iraque

Quase 30 países presentes em uma conferência em Paris sobre a situação no Iraque concordaram nesta segunda-feira (15) em fornecer ajuda militar ao país para combater os radicais do Estado Islâmico (EI), de acordo com um comunicado.

O texto não dá detalhes sobre a ajuda militar, mas afirma que o EI é uma ameaça para toda a comunidade internacional.

O apoio dos países "contempla uma ajuda militar apropriada, correspondente às necessidades expressadas pelas autoridades iraquianas e de acordo com o direito internacional e a segurança das populações civis".

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Na abertura da conferência, que reúne os membros de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, o presidente francês, François Hollande, fez um chamado por uma ação internacional unificada para enfrentar a ameaça do EI.

Yoan Valat/Efe
Presidentes iraquiano, Fuad Masum (esq.), e francês, François Hollande, falam em conferência
Presidentes iraquiano, Fuad Masum (esq.), e francês, François Hollande, falam em conferência

Os EUA revelaram na semana passada um plano geral para combater os militantes islâmicos simultaneamente no Iraque e na Síria.

O governo norte-americano acredita poder alcançar uma aliança sólida contra o EI, apesar da hesitação entre alguns parceiros e questões sobre a legalidade das ações, especialmente na Síria, onde a facção tem uma base de poder.

A ideia da coalizão foi aceita entre os principais países ocidentais e também por dez países árabes.

"A luta do Iraque contra os terroristas é também a nossa luta. Devemos empenhar-nos juntos, este é o objetivo desta conferência", disse Hollande, que na semana passada viajou para Bagdá para se reunir com membros do novo governo do Iraque.

Nesta segunda-feira, a aviação francesa realizou os primeiros voos de reconhecimento militar no Iraque, como parte dos esforços para lutar contra o EI. A operação havia sido anunciada palo ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos.

A França disse estar pronta para se juntar aos EUA nos ataques aéreos contra o EI no Iraque, mas diz que limitações legais e militares tornam mais difícil essa ação Síria.

O novo presidente iraquiano, Fuad Masum, disse esperar que a reunião de Paris traga uma "resposta rápida" contra os extremistas.

"O Estado Islâmico tem cometido massacres, crimes de genocídio e limpeza étnica", ele disse.

Ministros das Relações Exteriores dos principais países europeus, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, os vizinhos do Iraque, mais o Catar, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos (países do Golfo Pérsico), se reuniram para discutir os aspectos humanitários, políticos e de segurança no combate ao EI.

O Irã, que é muito influente no vizinho Iraque, não está participando da conferência.

"Queríamos um consenso entre os países sobre a presença do Irã, mas era mais importante ter certos países árabes do que o Irã", disse um diplomata francês, sinalizando que a Arábia Saudita teria sido contra convidar Teerã.

Os países presentes argumentaram que a invasão do Iraque pelos EUA em 2003, da qual a França não participou, contribuiu para a crise porque não previa um plano de longo prazo para as diferentes vertentes da sociedade iraquiana.


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