Folha de S. Paulo


Irã rejeita cooperar com EUA no combate ao Estado Islâmico

O Irã rejeitou um pedido de cooperação dos Estados Unidos contra a facção Estado Islâmico, anunciou o guia supremo iraniano Ali Khamenei nesta segunda-feira (15).

"Desde os primeiros dias, o governo dos Estados Unidos, por meio de seu embaixador no Iraque, pediu uma cooperação contra o EI", afirma Khamenei em uma nota divulgada em seu site oficial.

"Recusei porque [os americanos] têm as mãos sujas" completa o líder iraniano, que tem a última palavra em questões do Estado no Irã.

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"Nós não estamos cooperando militarmente e não vamos fazê-lo", disse a porta-voz do secretário de Estado, John Kerry. "Pode haver outra oportunidade no futuro para discutir sobre o Iraque", completou.

Segundo Khamenei, Kerry também pediu pessoalmente a Mohamad Javad Zarif, ministro das Relações iraniano, que negou a cooperação.

Para o guia supremo, o governo dos Estados Unidos busca "um pretexto para fazer no Iraque e na Síria o que faz no Paquistão –bombardear os lugares que deseja sem autorização". No país, os EUA realizam ataques com drones contra bases do grupo radical Taleban.

O Irã, contudo, disse apoiar os governos da Síria e do Iraque no combate ao terrorismo.

Mais cedo nesta segunda, Khamenei deixou o hospital onde fez uma cirurgia de próstata há uma semana.

CONFERÊNCIA

Kerry havia afirmado que a participação do Irã na conferência internacional sobre o Iraque, que acontece nesta segunda-feira em Paris, "não seria adequada pelo envolvimento do Irã na Síria e outros lugares".

O Irã é o principal aliado do regime sírio de Bashar al-Assad.

Nesta segunda-feira, o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Hosein Amir Abdolahian, criticou a conferência internacional de Paris e insistiu que o EI não pode ser derrotado sem o apoio da Síria.

Os países ocidentais se recusam a se aliar a Assad na luta contra o EI, como têm feito com o governo do Iraque. Eles apoiam a oposição que luta pela queda do regime Assad na guerra civil da Síria.

Foi no contexto da guerra, iniciada em 2011, que surgiram grupos extremistas como o EI, que agora controla partes da Síria e do Iraque.

"A República Islâmica do Irã não vai esperar a formação de nenhuma coalizão internacional para lutar contra o terrorismo e cumprirá com seu dever", disse Abdolahian.

A conferência em Paris reuniu quase 30 países, incluindo europeus, árabes e os membros do Conselho de Segurança da ONU.


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