Folha de S. Paulo


Reino Unido diz que vídeo de decapitação de refém é genuíno

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, presidiu uma reunião do comitê de resposta a emergências do governo neste domingo sob pressão crescente para aprovar ataques aéreos após um vídeo do Estado Islâmico mostrar a decapitação de um refém britânico.

A chancelaria britânica disse que o vídeo tem "todos os sinais" de ser genuíno. As imagens eram compatíveis com as das execuções filmadas de dois jornalistas norte-americanos, James Foley e Steven Sotloff, no mês passado.

A filmagem do assassinato de David Haines por militantes do Estado Islâmico (EI) que lutam no Iraque e na Síria significa que Cameron, que também está tentando convencer a Escócia a rejeitar a independência em um referendo na quinta-feira, está sob pressão para adotar uma postura muito mais dura com o EI.

Ele disse que não descarta nenhuma opção para combater o EI, com a exceção de combates no solo, mas está recebendo pedidos cada vez maiores de alguns de seus próprios legisladores conservadores e de ex-chefes militares para se unir aos Estados Unidos no lançamento de ataques aéreos.

A última tentativa de Cameron de obter apoio do parlamento britânico a ataques aéreos contra a Síria no ano passado terminou em fracasso quando os legisladores votaram contra tal medida.

Cameron, que voltou a Londres antes do previsto na noite de sábado para presidir a reunião de emergência, chamou o assassinato de Haines, um funcionário humanitário escocês de 44 anos, de um ato de pura maldade e prometeu levar seus assassinos à justiça.

"Este é um crime desprezível e chocante de um trabalhador humanitário inocente", disse ele em um comunicado no sábado.

"Faremos tudo em nosso poder para caçar esses assassinos e garantir que enfrentem a justiça, independente do tempo que isso leve."

OITO MORTOS

Militantes do Estado Islâmico executaram publicamente oito homens sunitas em uma pequena aldeia do norte do Iraque no fim de semana por supostamente conspirar contra o grupo, disse uma testemunha ocular da vila neste domingo.

A matança começou na sexta-feira (12) à noite, quando um par de mascarados armados do Estado islâmico assassinaram um policial na aldeia de al-Jumasah depois que o grupo o acusou de espionar para as forças militares curdas e iraquianas, disse a testemunha.

Os militantes do Estado Islâmico reuniram moradores locais para assistir à execução na aldeia, a cerca de 120 quilômetros ao norte de Tikrit.

"Os membros do Estado Islâmico disseram que este é o destino de qualquer um que se oponha a eles", disse a testemunha. "Eles apresentaram como evidência CDs e cópias de correspondências do homem com as forças de segurança."

Depois que o policial foi executado, um pequeno grupo armado abriu fogo em vingança contra a casa de um funcionário do Estado Islâmico.

No sábado de manhã, disse a testemunha, dez carros do Estado Islâmico dirigiram ao redor de al-Jumasah com dois informantes mascarados, que ajudaram os combatentes a identificar dez pessoas que eles suspeitavam de terem atacado a casa de seu partidário na noite anterior.

Naquela noite, três pessoas foram liberadas e outras sete - todas exceto uma parentes do policial morto - foram executadas.

O Estado Islâmico, que tomou grande parte do norte do Iraque em junho, controla grande parte das províncias de Salahuddin, Nineveh, Diyala e Anbar, muitas vezes em colaboração com grupos armados menores, e declarou um Califado Islâmico no Iraque e na Síria.

O novo primeiro-ministro, Haider al-Abadi, espera convencer a minoria sunita do Iraque a se rebelar contra o Estado Islâmico, mas muitos continuam profundamente desconfiados da elite xiita governante do país.

As esperanças de uma revolta sunita também são complicadas pela crueldade do Estado Islâmico, que tem intimidado, prendido ou matado aqueles que os rejeitam em comunidades sunitas.


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