Folha de S. Paulo


Irã diz que há acordo com potências em 70% dos assuntos nucleares

A dois dias das reuniões nucleares bilaterais que o Irã terá em Viena com Alemanha, França e Reino Unido, o vice-chefe negociador e vice-ministro de Relações Exteriores Abbas Araqchi, disse nesta terça-feira que há acordo em 70% dos assuntos.

Sobre os 30% restantes "ainda não há acordo, mas tivemos bons progressos", declarou em uma entrevista à televisão nacional IRIB 2 divulgada hoje pela agência de notícias estatal Irna.

Araqchi assinalou que espera que na próxima rodada de negociações, que acontecerá dia 18 em Nova York entre o Irã e o G51 (China, Rússia, EUA, França, Reino Unido e Alemanha) alcancem importantes avanços.

Ainda esta semana o ministro das Relações Exteriores e chefe negociador, Mohammed Zarif, se encontrará com seu colega chinês em Dushanbe (Tadjiquistão), onde ambos participam do encontro da Organização de Cooperação de Xangai.

Na semana passada também houve uma reunião bilateral com a equipe negociadora americana em Genebra.

"É óbvio que uma parte importante das negociações tem que ser com os norte-americanos, porque a maioria das sanções foram impostas pelos EUA e retirá-las depende deles", assinalou Araqchi.

A suspensão de todas as sanções (a maioria delas impostas pela ONU, pelos EUA e pela UE) é a principal exigência de Teerã no diálogo nuclear.

Irã também pede continuar com seu programa de enriquecimento de urânio, que assegura tem fins unicamente pacíficos, e que nenhuma instalação nuclear existente seja fechada.

Araqchi afirmou que a República Islâmica está colaborando com a Agência Internacional de Energia Atômica para aumentar a transparência de seu programa e assegurou que o último relatório da agência confirmou que seu país está comprometido com os acordos de Genebra e as salvaguardas e que "o único assunto pendente é responder perguntas do passado".

No relatório em questão, a agência nuclear da ONU informou que o Irã pôs em prática só três das cinco medidas de criação de confiança pactuadas em maio, apesar de reconhecer que o país eliminou totalmente suas reservas de urânio enriquecido a 20%, tal como se comprometeu em novembro com o 51.

Segundo a AIEA, uma das medidas de transparência estipuladas foi aplicada a tempo, duas foram iniciadas após o prazo e outras duas continuam pendentes enquanto - ao contrário do estipulado - o Irã ainda não apresentou novas propostas de cooperação.

Um dos assuntos pendentes são as explicações que o organismo quer sobre possíveis dimensões militares do programa nuclear.

Segundo Araqchi seu país "não acredita" nas possíveis dimensões militares do programa nuclear e assinalou que essa questão "é parte do passado".

Também se mostrou confiante com a definição de um pacto antes da data limite dada pelas partes, dia 24 de novembro deste ano, apesar de ter advertido que se esta oportunidade se perder "a possibilidade de continuar com a situação atual será muito difícil".


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