Folha de S. Paulo


Ebola está fora de controle, dizem EUA

O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) informou nesta terça (2) que o surto de ebola na África Ocidental já não pode ser parado.

"Esta é a primeira epidemia de ebola do mundo e é uma espiral fora de controle", disse o diretor do CDC, Tom Frieden. "Está ruim agora e vai piorar em um futuro muito próximo", completou.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que um médico missionário americano foi diagnosticado com a doença.

Ele tratava pacientes que não estavam contaminados em Monróvia, capital da Libéria. Não está claro como aconteceu sua infecção. O nome dele não foi divulgado.

Este é o terceiro americano a contrair a doença. Um médico e uma missionária que foram infectados receberam a droga experimental ZMapp e se recuperaram.

O presidente americano, Barack Obama, pediu aos africanos que tomem as precauções necessárias para evitar o contágio, como o uso de luvas no trato com pacientes. Ele também desencorajou a realização de enterros de pessoas mortas por ebola seguindo rituais locais, sem material de proteção.

"Vocês podem respeitar suas tradições e honrar seus amados sem arriscar a vida dos vivos", disse Obama.

PÂNICO NA RUA

Em Monróvia, um paciente infectado fugiu de um hospital e correu em direção a um movimentado mercado segurando um bastão e assustando as pessoas. Ele foi detido por profissionais vestidos em trajes de segurança e forçado a entrar em uma ambulância.

O caso ilustra a crise criada pelo pior surto de ebola da história, que já matou 1.552 pessoas e infectou 3.062 em quatro países: Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

O coordenador designado pela ONU para o assunto, David Nabarro, disse que os países afetados precisam de ajuda internacional com mais profissionais de saúde, material hospitalar e comida.

"A maneira de lidar com o ebola é bem conhecida, é só uma questão de colocar em prática", disse Nabarro.

ONU também alertou para o risco de escassez de alimentos nos três países africanos afetados pela epidemia como consequência da restrição do comércio transfronteiriço e das importações.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) também afirmou nesta terça-feira que o mundo está perdendo a batalha contra a epidemia de ebola.

"Após seis meses com a pior epidemia de ebola da história, o mundo está perdendo a batalha. Os líderes não conseguiram tomar as medidas adequadas contra esta ameaça transnacional", afirmou a presidente da MSF, Joanne Liu, em uma sessão de informações na sede da ONU em Nova York.


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