Folha de S. Paulo


Estado Islâmico divulga suposta decapitação de jornalista

A milícia radical Estado Islâmico divulgou nesta terça (2) um vídeo em que um integrante da facção decapita o jornalista americano Steven Sotloff, segundo o SITE Intelligence Group, uma rede de monitoramento de sites islâmicos. O assassinato ocorre duas semanas após a morte, da mesma maneira, do jornalista James Foley.

Sotloff, 31, havia desaparecido na Síria em agosto de 2013, ao fazer uma reportagem. Ele foi mostrado pela facção no vídeo da decapitação de Foley. No registro, um membro da milícia extremista afirmava que o assassinato era uma retaliação à decisão do presidente americano, Barack Obama, de autorizar ataques aéreos contra seus membros. Ameaçava dar a Sotloff o mesmo destino do colega caso Obama não suspendesse os ataques.

No vídeo desta terça, Sotloff afirma que está "pagando o preço" pela decisão de Obama. O miliciano que aparece ao lado de Sotloff seria o mesmo do vídeo de Foley, segundo o "New York Times". Ele afirma: "Voltei, Obama, e voltei por causa da sua política externa arrogante em relação ao Estado Islâmico".

Ainda de acordo com o "New York Times", o EI ameaça um terceiro refém, um britânico identificado como David Cawthorne Haines, que seria a próxima vítima de decapitação.

A Casa Branca afirmou que não poderia confirmar os relatos da decapitação de Sotloff. O porta-voz Josh Earnest afirmou que, se existe mesmo o vídeo, será analisado "com muito cuidado" e declarou solidariedade à família do jornalista.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que deverá se pronunciar mais tarde sobre o caso, mas considerou a decapitação "um ato inaceitável e desprezível".

A mãe de Sotloff, Shirley, chegou a fazer um apelo diretamente ao líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi al-Quraishi al-Hussaini, a quem se dirigia num vídeo como "califa do Estado Islâmico".

"Nenhum indivíduo deveria ser punido por acontecimentos que ele não pode controlar", dizia a mãe do jornalista, que pedia clemência para o filho. "Steven é leal e generoso. Ele foi ao Oriente Médio cobrir o sofrimento dos muçulmanos nas mãos de tiranos."

Sotloff desapareceu na Síria em agosto de 2013, mas a família manteve o caso em segredo. A família tem conhecimento do vídeo, embora ainda não saiba se é autêntico. De acordo o porta-voz dos pais de Sotloff, Barak Barfi, os parentes estão vivendo seu luto de forma reservada.

OUTROS REFÉNS

Na semana passada, o jornalista Peter Theo Curtis voltou aos Estados Unidos, após ter sido libertado na Síria, onde ficou quase dois anos refém do grupo rebelde islâmico Frente Al-Nusra.

O representante da família de uma americana de 26 anos disse que ela também foi sequestrada pelo EI. A mulher, que não foi identificada, fazia um trabalho de ajuda humanitária na Síria e foi capturada no ano passado. Outro americano sequestrado na Síria e que pode estar em poder da milícia radical é o jornalista Austin Tice, que desapareceu em agosto de 2012.

Em seu relatório anual, em novembro passado, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas estimou que pelo menos 30 jornalistas tenham sido sequestrados ou desapareceram na Síria.


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