Folha de S. Paulo


Universidade chinesa pede combate a críticas ao PC, diz jornal

Uma das principais universidades da China exortou estudantes e professores a "combaterem" críticas ao Partido Comunista, informou um influente jornal do partido.

A iniciativa da Universidade Peking, outrora um bastião da liberdade de expressão no país, sublinha a ansiedade crescente dos líderes do partido em relação às críticas e é um sinal da inclinação conservadora do presidente chinês, Xi Jinping.

O currículo e as formas de expressão são controlados com mão de ferro nas universidades da China, embora estudantes da Universidade Peking tenham forçado os limites em algumas ocasiões, como nos protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial em 1989, reprimidos pelo Exército.

"Nos últimos anos, algumas pessoas com motivos subliminares atiçaram as chamas na internet... tendo como alvo o Partido Comunista chinês e o sistema socialista", assinalou um artigo na noite de domingo no jornal Qiushi, que significa "buscando a verdade".

Tais ações "criaram um impacto negativo muito grande na opinião pública na internet e no consenso social", afirma a matéria, escrita pelo comitê do partido na universidade.

O comitê pediu a estudantes e professores que "adotem uma postura firme, sem ambiguidades, e combatam de modo oportuno, eficaz e resoluto os discursos e as ações que se oponham aos princípios do partido".

Nos últimos anos, a universidade estabeleceu um sistema de monitoramento 24 horas da opinião pública na internet e adota medidas preventivas para controlar e reduzir os efeitos do discurso negativo, diz o artigo.

O governo de Xi, que assumiu em março de 2013, intensificou a repressão aos dissidentes, prendendo ativistas e reforçando restrições impostas aos jornalistas. Segundo alguns grupos de direitos humanos, é a pior repressão da liberdade de expressão nos últimos anos.

No sábado (30), a China ordenou jornalistas a aprenderem "valores-notícia marxistas" e a defenderem o princípio da notícia conforme prescrito pelo partido.

Em outubro, os líderes da Universidade Peking decidiram demitir o então professor Xia Yeliang, 53, que irritou funcionários da escola com seus posts pedindo reformas democráticas na China.


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