Folha de S. Paulo


Moradores enfrentam a polícia em bairro afetado pelo ebola na Libéria

A polícia da Libéria entrou em confronto nesta quarta-feira (20) com moradores de um bairro da capital Monróvia, que foi colocado em quarentena na noite de terça (19) por causa de um surto de ebola.

O país africano já registrou 972 casos e 576 mortes provocadas pela doença, de acordo com dados divulgados nesta quarta pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Ao todo, 1.350 morreram em quatro países da África ocidental: Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

As autoridades locais colocaram algumas regiões em cerco, em especial na fronteira com Guiné e Serra Leoa.

Dentre elas, está um dos bairros mais pobres de Monróvia, West Point, alvo dos protestos desta quarta. As forças de segurança cercaram a região com tapumes, cadeiras e arame farpado e impediram a entrada e saída das pessoas.

A presidente liberiana, Ellen-Johnson Sirleaf, havia decretado na terça (19) um toque de recolher de 21h às 6h e bloqueado a área, mas os moradores afirmam que não foram avisados sobre o bloqueio.

Tentando sair, os residentes forçaram o bloqueio e foram reprimidos pelas forças de segurança, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam tiros para o alto para tentar dispersar a multidão. Ao menos quatro pessoas ficaram feridas.

O bairro é um dos focos de tensão na cidade provocados pela epidemia de ebola. No fim de semana, moradores da região invadiram um centro de tratamento contra a doença e provocaram a fuga de 17 pacientes contaminados em quarentena.

Os habitantes de West Point acusam o governo de mandar pacientes com a doença para um centro de tratamento na região. O bairro, que tem 50 mil habitantes, é um dos mais pobres de Monróvia e não tem saneamento básico.

SURTO

Até a última segunda (18), foram registrados 2.473 casos confirmados de contaminação pelo ebola e 1.350 mortes provocadas pela doença.

A Libéria segue sendo o país com mais mortos (576) e casos confirmados (972), seguida pela Guiné (396 mortes e 579 casos) e por Serra Leoa (374 mortes e 907 casos).

Na Nigéria, a situação é considerada estável, com quatro mortos e 15 casos.

Nesta quarta, porém, as autoridades nigerianas confirmaram uma quinta morte. Trata-se de mais um paciente contaminado quando entrou em contato com um liberiano que chegou ao país no final de julho.

Mais cedo, as autoridades da República Democrática do Congo afirmaram que verificam uma série de casos suspeitos que surgiram no norte do país, que não divide fronteira com a região mais prejudicada.

O alastramento da doença fez com que parte da tripulação da companhia aérea Air France se recusasse a viajar para os quatro países mais afetados. Na segunda (18), o sindicato minoritário da categoria havia solicitado a suspensão dos voos.


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