Folha de S. Paulo


Polícia revela responsável por morte de jovem negro nos EUA

A polícia de Ferguson, no Estado de Missouri (EUA), identificou o policial que matou o adolescente negro Michael Brown, 18, no último sábado (9).

Thomas Jackson, chefe de polícia de Missouri, disse nesta sexta-feira (16) que Darren Wilson, que trabalha na polícia há seis anos e não tem medidas disciplinares contra ele, foi o responsável pela morte de Brown.

Em declarações à CNN mais cedo, Jackson descreveu Wilson como "um policial fantástico".

A morte de Brown levou a depoimentos conflitantes de testemunhas e policiais sobre a causa de sua morte.

Desde domingo, violentos protestos tomaram conta da cidade e mais de 50 pessoas foram presas.

A pequena cidade viveu na quarta-feira sua quinta noite de protestos, em um episódio que trouxe novamente à tona o sensível debate sobre racismo nos Estados Unidos.

A polícia também chegou a prender dois jornalistas –Wesley Lowery, repórter de política do jornal "The Washington Post", e Ryan Reilly, que trabalha para o "Huffington Post"–, mas ambos foram postos em liberdade sem acusações contra eles.

O presidente Barack Obama pediu na quinta (14) à polícia "transparência" e criticou o "uso excessivo de força".

DIFERENTES VERSÕES

De acordo com uma testemunha, Brown estava desarmado e caminhava pela rua quando um policial atirou nele, apesar de a vítima estar dominada, com as mãos para o alto. Já a Polícia indica que Brown foi morto depois de ter agredido o policial e de ter tentado roubar sua arma.

Em função da situação, o governador do Missouri escolheu o chefe da Polícia Rodoviária Estadual, capitão Ron Johnson, de origem afro-americana, para liderar as operações em Ferguson a partir de quinta à noite.

Nos Estados Unidos, a Polícia Rodoviária é de jurisdição estadual, e não federal.

Johnson é natural dessa cidade e é negro, como pelo menos 14.000 dos 20.000 habitantes locais. Já a polícia é de maioria branca.

"Cresci aqui, e essa é minha comunidade e minha casa", disse o capitão. "Significa muito, para mim, romper esse ciclo de violência e reconstruir a confiança", acrescentou.

OUTROS CASOS

Casos recentes de homicídios de negros que estavam desarmados provocaram protestos em todo o país e desafiaram a ideia de que os EUA viveriam um momento "pós-racial" com a chegada do presidente Barack Obama à Casa Branca.

O adolescente Trayvon Martin foi morto na Flórida quando caminhava para casa por um vizinho, George Zimmerman, que achou o comportamento de Martin "suspeito". Zimmerman foi absolvido.

No mês passado, o ambulante Eric Garner, 43, foi morto aos gritos de "não posso respirar", quando policiais o jogaram ao chão, após uma chave de braço. Ele era asmático. Um vizinho gravou o episódio em seu celular e o vídeo viralizou e foi exibido pelas TVs americanas


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