Folha de S. Paulo


Cidade controlada por separatistas é bombardeada no leste da Ucrânia

A cidade de Donetsk, reduto dos separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia, sofreu um ataque aéreo nesta quarta-feira (5), que não provocou vítimas, informou a prefeitura.

"O distrito de Kakininski sofreu um ataque aéreo que deixou uma cratera de quatro metros de diâmetro e de 1,5 metro de profundidade em uma estrada. Um gasoduto foi levemente atingido por fragmentos de obus", afirma uma nota da prefeitura.

O ataque não deixou vítimas, mas a prefeitura informou que três civis morreram nas últimas 24 horas em ataques em outros distritos da cidade.

Este foi o primeiro ataque aéreo contra a cidade de um milhão de habitantes desde o início do conflito, em abril. A aviação ucraniana bombardeou em maio o aeroporto internacional de Donetsk, na periferia da cidade controlada pelos rebeldes.

"O cerco está apertando ao redor de Donetsk, Lugansk e Gorlivka", redutos separatistas do leste da Ucrânia, afirmou um porta-voz do Exército, Oleksi Dimytrachkivski.

Dezoito soldados ucranianos morreram em combates no leste do país em 24 horas, anunciou o porta-voz militar Andri Lysenko.

Na segunda (4), as autoridades da Ucrânia haviam pedido que a população civil do leste do país abandone todas as cidades e povoados controlados pelos separatistas.

O comando militar ucraniano também havia anunciado a abertura de corredores humanitários para facilitar a saída de civis das cidades para outras regiões do país.

ESCALADA

A Rússia concentrou cerca de 20.000 tropas na fronteira oriental da Ucrânia e poderia usar a desculpa de uma missão humanitária ou de manutenção da paz para enviá-las para a Ucrânia, a Otan disse em um comunicado nesta quarta-feira (6).

"Nós não vamos adivinhar o que está na mente da Rússia, mas podemos ver o que eles estão fazendo no terreno e isso é motivo de grande preocupação", disse a porta-voz da Otan, Oana Lungescu, em um comunicado.

Para ela, a ação russa "agrava ainda mais a situação e prejudica os esforços para encontrar uma solução diplomática para a crise".

Moscou também convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a "situação humanitária" na Ucrânia.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse nesta quarta-feira que a ameaça de uma intervenção militar direta da Rússia na Ucrânia aumentou nos últimos dois dias.

Na terça-feira (5), o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a seu governo que prepare medidas de retaliação contra a mais recente rodada de sanções dos EUA e da UE.

A Rússia deve evitar qualquer ação que possa resultar em uma escalada na crise Ucrânia, disse nesta quarta uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão.

"Exigimos a maior transparência possível e pedimos a Rússia que se abstenha de tomar quaisquer medidas que levem a uma nova escalada, como a combinação de exercícios militares e concentrações de tropas", disse a porta-voz.


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