Folha de S. Paulo


Israel e Hamas cumprem à risca primeiro dia de cessar-fogo em Gaza

Israel e as milícias palestinas na faixa de Gaza, lideradas pelo Hamas, cumpriram à risca o primeiro dia da trégua de 72 horas, sem notícias de incidentes.

É a primeira de oito tréguas a ser respeitada pelos dois lados.

O cessar-fogo começou às 8h de terça (2h em Brasília). Pouco antes disso, o Exército israelense se retirou totalmente do território palestino, após anunciar a destruição dos 32 túneis do Hamas encontrados.

Desde o início da ofensiva israelense contra a faixa de Gaza, no dia 8 de julho, 1.881 palestinos morreram, a maioria civis, de acordo com a ONU.

Do lado israelense, os mortos são 67, dos quais 64 são militares e os outros três civis, dois israelenses e um tailandês, atingidos por foguetes lançados de Gaza.

Editoria de arte/Folhapress

NEGOCIAÇÃO

As delegações das partes se reúnem nesta quarta-feira (6) no Cairo, a capital do Egito, onde foi anunciado o cessar-fogo na segunda-feira (4), para negociar um acordo definitivo.

A delegação palestina inclui integrantes do movimento Hamas, que controla a faixa de Gaza, e também da Jihad Islâmica, outro grupo radical.

"As negociações indiretas entre palestinos e israelenses estão avançando", disse um oficial egípcio, deixando claro que os lados opostos não estavam negociando face a face. "Ainda é muito cedo para falar sobre os resultados, mas estamos otimistas."

Os palestinos querem o fim do bloqueio israelense e egípcio à faixa de Gaza e a libertação de prisioneiros, incluindo os presos na Cisjordânia durante uma operação em junho, que buscava os responsáveis pelo sequestro e morte de três judeus na região.

"Para Israel, a questão mais importante é a desmilitarização. Devemos impedir o Hamas de se rearmar, é preciso desmilitarizar a faixa de Gaza", disse Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Alcançar uma trégua duradoura pode ser difícil, já que o Hamas rejeita a existência de Israel e promete destruí-lo, enquanto Israel denuncia o Hamas como um grupo terrorista.

O Egito tem se posicionado como um mediador em sucessivos conflitos em Gaza, mas, assim como Israel, o governo atual vê o Hamas como uma ameaça à segurança.

CUSTOS

Os prejuízos no território palestino causados pela operação militar israelense, cujos bombardeios atingiram mais de 4,8 mil alvos, foram avaliados em aproximadamente US$ 5 bilhões, que vão desde danos em edifícios públicos e bens particulares, passando por casas, infraestrutura de distribuição de água e eletricidade, incluindo os depósitos de sua única central elétrica.

Segundo um relatório divulgado ontem pelo Ministério da Informação palestino, baseado em estatísticas locais e de organizações internacionais, 10,6 mil imóveis sofreram as consequências dos bombardeios, dos quais 8.880 ficaram parcialmente danificados e 1.724 completamente destruídos.

Em Israel, o Ministério das Finanças e vários economistas calcularam na semana passada o custo do conflito armado em US$ 3,5 bilhões, entre armamento, retribuições para 82 mil reservistas, danos materiais, compensações financeiras e perdas de produtividade.


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