Folha de S. Paulo


'Não acredito mais em dois Estados', diz Pereira Coutinho sobre conflito em Gaza

Em sabatina realizada pela Folha nesta segunda-feira (4) no MIS (Museu da Imagem e do Som) em São Paulo para apresentar o seu livro "As Ideias Conservadoras" (Três Estrelas, 2014), o escritor português João Pereira Coutinho disse que não via mais uma solução de dois Estados para o conflito em Israel, e que já não tinha uma resposta para a situação na região.

"Não acredito mais na solução de dois Estados, nem de três (com duas Palestinas, uma em Gaza e outra na Cisjordânia) e nem de um Estado binacional, o que poderia levar a uma guerra civil como na Iugoslávia".

Questionado pelo jornalista Morris Kachani sobre o motivo da radicalização à direita do governo israelense, Coutinho disse que a retirada unilateral de Gaza em 2005, apoiada pelos trabalhistas, aumentou a instabilidade na região e a insegurança em Israel, o que levou ao descrédito do partido.

Sobre o atual conflito, o escritor disse que uma coisa era negociar com a Autoridade Palestina questões concretas como fronteiras, outra, impossível, negociar com militantes que pregam a destruição de Israel e cujo programa tem como um dos alicerces "Os Protocolos dos Sábios de Sião", documento forjado pela polícia do czar russo no final do século 19 que atribuía aos judeus um suposto plano de dominação do mundo.

CONSERVADORISMO

Para Coutinho não existem partidos conservadores-liberais nem em Portugal, nem no Brasil –"no máximo de centro-direita". Segundo escritor, em ambos os países, ser chamado de conservador "é uma ofensa".

Ele diz que isso é consequência de tanto Brasil quanto Portugal terem passado por períodos recentes de autoritarismo, com a ditadura militar e o salazarismo, e que nos dois países prevalece uma cultura patrimonialista.

Para o escritor, é salutar para as democracias ter um equilíbrio entre posições.

"Pularia pela janela em um país que só tivesse conservadores, assim como em um país só com progressistas".


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