Folha de S. Paulo


Obama culpa Hamas por fim da trégua e diz que será difícil retomá-la

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou nesta sexta-feira (1º) o grupo radical palestino Hamas por ter quebrado o cessar-fogo de 72 horas com Israel, que provocou a retomada dos combates na faixa de Gaza.

Segundo o Estado judaico, soldados foram atacados por palestinos enquanto destruíam um túnel clandestino feita pelo Hamas em Rafah, no sul de Gaza. Israel diz que dois militares morreram e que o soldado Hadar Doldin, 23, foi sequestrado.

Em entrevista coletiva, Obama condenou "de forma inequívoca" o Hamas e disse que o soldado israelense deve ser solto de "forma incondicional o mais rápido possível" se o grupo deseja acabar com o conflito.

Para ele, será difícil retomar o cessar-fogo. "Acho que vai ser muito difícil que volte o cessar-fogo se os israelenses e a comunidade internacional não tiverem confiança de que o Hamas poderá segui-lo".

O presidente americano defendeu o direito de Israel de se defender contra os ataques vindos da faixa de Gaza e afirma que o Estado judaico tem um dilema ao ter que atacar os militantes palestinos e não atingir civis.

"O Hamas toma essas incríveis ações irresponsáveis quando muitas vezes lança foguetes bem no meio de bairros residenciais e a população civil de Gaza não pode fazer nada contra isso. Essas ameaças são intoleráveis".

As declarações são feitas após os dois mediadores do acordo que levou o cessar-fogo –o secretário de Estado americano, John Kerry, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon– terem culpado o Hamas pelo fim da trégua.

Em comunicado, Kerry considerou a ação do grupo palestino uma afronta à trégua decretada e pediu a liberação imediata do soldado. "Será uma tragédia se esse ataque ultrajante leve a mais sofrimento e perdas de vidas de ambos os lados".

O secretário americano ainda pediu ajuda de Egito, Turquia e Qatar para tentar convencer o Hamas a entregar o soldado israelense capturado. O governo turco afirmou que pretende ajudar na busca.

Já Ban Ki-moon pediu aos dois lados a máxima contenção e a volta ao cessar-fogo. "O secretário-geral está chocado e profundamente decepcionado pelos últimos acontecimentos", disse o porta-voz do chefe da ONU, Stéphane Dujarric.

FIM DA TRÉGUA

Para os israelenses, a ação aconteceu por volta das 9h30 locais (3h30 em Brasília), uma hora e meia após o início da trégua. Em resposta, o Exército fez um ataque à cidade de Rafah que deixou 70 mortos, segundo autoridades palestinas.

Em comunicado, o Hamas afirma que a captura do soldado ocorreu antes do cessar-fogo e acusou Israel de ter violado o acordo. "A Resistência palestina agiu em nome de seu direito a se defender para colocar fim ao massacre de nosso povo", disse o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum.

Os dois grupos concordaram que Israel continuasse com a operação para destruir os túneis ilegais, que são uma forma de quebrar o bloqueio imposto a Gaza e acesso para que milicianos façam ataques em Israel.

Desde o início da operação Margem Protetora, em 8 de maio, 63 israelenses morreram, sendo 60 militares. Do lado palestino, foram 1.459 mortos, tornando-se a ofensiva a mais sangrenta desde que o Hamas passou a controlar o território, em 2007.


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