Folha de S. Paulo


EUA recomendam não viajar a países afetados pelo ebola

O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA divulgou nesta quinta-feira (31) um comunicado desaconselhando viagens "não essenciais" aos países africanos atingidos pelo ebola.

O surto do vírus, o maior da história, já matou mais de 700 pessoas em quatro países da África ocidental, conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Segundo Tom Frieden, diretor do centro, o objetivo não é apenas proteger os viajantes americanos, mas também evitar que eles precisem recorrer a hospitais e clínicas africanos já superlotados.

Dois países africanos, Serra Leoa e Libéria, já decretaram estado de emergência em razão da epidemia.

De março –quando novos casos apareceram na Guiné– até o dia 31 deste mês, foram detectados na África ocidental 1.323 casos do ebola, com 729 mortes registradas, segundo a OMS. Foram 339 na Guiné, 233 em Serra Leoa, 156 na Libéria e uma na Nigéria.

Tanto Libéria quanto Serra Leoa –dois dos países mais pobres do mundo– também ordenaram o fechamento de escolas e mercados e puseram em quarentena comunidades afetadas pelo vírus.

Na Nigéria, onde um servidor da Libéria morreu de ebola após viajar a Lagos, a maior cidade do país, os aeroportos começaram a rastrear os passageiros provenientes de áreas de risco, inclusive medindo a sua temperatura.

No Quênia, a seleção de futebol de Serra Leoa foi impedida de embarcar num voo que a levaria às ilhas Seychelles para um jogo no sábado.

A presidente liberiana, Ellen Sirleaf, e o presidente leonês, Ernest Bai Koroma, cancelaram suas viagens a Washington para a cúpula EUA-África na próxima semana e devem se encontrar nesta sexta-feira na Guiné para discutir o combate à epidemia.

MEDIDAS MAIS FIRMES

No discurso televisionado em que decretou a emergência, Koroma afirmou que ele permitirá adotar "medidas mais firmes contra a epidemia do ebola", classificada por ele de desafio excepcional.

O presidente de Serra Leoa também anunciou que vai mobilizar forças de segurança para proteger as equipes médicas, assim como lançar uma busca em cada casa pelos possíveis infectados pela doença.

Os ministros e outros representantes governamentais não poderão sair do país, salvo para "compromissos absolutamente essenciais".

Além disso, as autoridades ativarão novos protocolos de atuação para a chegada e saída de passageiros no Aeroporto Internacional Lungi, próximo a Freetown e o mais importante do país.

Estas medidas terão uma duração de 60 a 90 dias, embora possam ser alteradas.

TEMORES

A comunidade internacional já começa a contemplar a expansão do ebola como um perigo real, e o governo britânico realizou na quarta (30) uma reunião de emergência para avaliar a ameaça.

A doença –que se transmite por contato direto com sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados– causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse não recomendar restrições de viagens ou fechamento de fronteiras devido ao surto de Ebola. Segundo a Iata, associação internacional das companhias aéreas, haveria baixo risco para outros passageiros caso uma pessoa infectada viajasse de avião.

A Iata emitiu seu comunicado depois de consultas com a OMS e a agência de aviação da ONU (Icao) depois do caso do funcionário público liberiano que morreu de ebola na Nigéria –o voo dele para Lagos ainda fez escala em Lomé, no Togo.

A associação disse que o ebola só é transmitido quando os pacientes apresentam sintomas graves. A doença começa com febre, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e dor de garganta; seu agravamento se caracteriza por vômitos, diarreia, mau funcionamento dos rins e, finalmente, sangramento interno e externo.

"É altamente improvável que alguém que sofra esses sintomas se sinta bem o suficiente para viajar", afirmou a Iata.


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