Folha de S. Paulo


Ataque de Israel a escola da ONU mata ao menos 15 em Gaza; EUA criticam

Um ataque israelense matou ao menos 15 pessoas refugiadas na manhã desta quarta-feira (30) em uma escola da ONU no norte da faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Mais cedo, a ONU havia dito que o ataque à escola matou 16 palestinos.

Disparos de tanques atingiram em cheio duas salas de aula da escola da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos, no campo de Jabaliya, o maior de Gaza, onde cerca de 3.300 civis estavam refugiados.

Os Estados Unidos condenaram o ataque. A porta-voz da Casa Branca, Bernadette Meehan, disse que os EUA estão "extremamente preocupados" que milhares de palestinos não estejam seguros nos abrigos da ONU em Gaza.

Meehan acrescentou que Washington também condena os responsáveis por esconder armas em instalações da ONU em Gaza, numa referência ao grupo palestino Hamas.

Mohammed Salem/Reuters
Homens recolhem destroços na escola da ONU em Jabaliya, faixa de Gaza, após ataque israelense
Homens recolhem destroços na escola da ONU em Jabaliya, faixa de Gaza, após ataque israelense

Um porta-voz da UNRWA, Chris Gunness, disse à BBC que Israel foi avisado 17 vezes da localização exata da escola em Jabaliya e do fato de que ela estava abrigando os refugiados. "A última vez foi horas antes do ataque", disse ele.

"Condeno da forma mais firme esta violação do direito internacional por parte das forças israelenses", declarou no comunicado Pierre Krähenbühl, chefe de UNWRA.

O Exército israelense alegou que os radicais do Hamas, que controla a faixa de Gaza, lançaram bombas de um ponto próximo à escola e que os militares atiraram de volta.

"No início desta manhã, militantes dispararam morteiros contra soldados israelenses da vizinhança da escola da UNRWA em Jebalya. Em resposta, os soldados dispararam contra a origens do ataque, e ainda estamos revendo o incidente", disse um porta-voz militar.

"É o bastante", declarou o subsecretário-geral da ONU, Jan Eliasson, sobre o bombardeio à escola nesta quarta. "Este é um momento em que você realmente deve dizer 'é o bastante' e deve procurar pelas palavras certas para convencer aqueles que detém o poder para parar isso", afirmou Eliasson.

Falando da Costa Rica, o secretário-geral da entidade, Ban ki-moon, classificou o ataque como "ultrajante e injustificável". "Ele demanda responsabilização e justiça. Nada é mais vergonhoso que atacar crianças dormindo."

Muitos civis palestinos se refugiaram nas escolas da UNRWA, especialmente em Jabaliya, após a advertência do Exército israelense sobre a possibilidade de bombardeios em massa contra seus bairros.

No total, cerca de 200 mil habitantes do território palestino estão refugiados, em condições muito precárias, nas 83 escolas geridas pela UNRWA.

"É a responsabilidade do mundo nos dizer o que devemos fazer com mais de 200 mil pessoas que estão dentro de nossas escolas pensando que a bandeira da ONU irá protegê-los", disse Hasna. "Este incidente de hoje prova que nenhum lugar é seguro em Gaza."

Segundo a agência de notícias oficial palestina Wafa, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou nesta quarta que Gaza se tornou uma "área de desastre humanitário" e enfatizou que a ONU e agências de ajuda internacional devem assumir a responsabilidade de ajudar os palestinos no enclave.

"Eu clamo para o uso de todas as ferramentas disponíveis nas Nações Unidas para prestar socorro e ajuda ao povo palestino durante essa grave crise humanitária", disse Abbas em uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban ki-moon.

OUTRO CASO

No dia 24 de julho, um disparo de artilharia atingiu outra escola da ONU na Faixa de Gaza, em Beit Hanun, matando cerca de 15 palestinos. O Exército israelense negou sua responsabilidade no incidente.

Israel acusa o movimento islâmico Hamas de usar a população como escudo humano para proteger seus arsenais e centros operacionais instalados em igrejas, mesquitas e escolas da faixa de Gaza.

A UNRWA disse na terça (29) que foguetes foram encontrados em uma de suas escolas no centro de Gaza. A descoberta aconteceu durante uma inspeção regular da UNRWA na escola, que estava fechada para o verão e que não está sendo usada como um abrigo

"Condenamos o grupo ou grupos que arriscam civis, colocando essas munições em nossa escola", disse Gunness.

MERCADO

Em outro ataque nesta quarta, o Exército israelense bombardeou um mercado no bairro de Shujaya, na Cidade de Gaza. Segundo as autoridades de saúde de Gaza, ao menos 17 pessoas morreram e 160 ficaram feridas.

O número total de palestinos mortos desde o início da ofensiva israelense "Margem Protetora" no dia 8 de julho subiu para 1.326 nesta quarta, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Israel perdeu 56 soldados e três civis.

Israel tem o objetivo de impedir que o Hamas siga lançando foguetes contra seu território. Além disso, a invasão de Gaza por terra pretende destruir uma sofisticada rede de túneis militares do Hamas utilizados para ataques em Israel.


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