Folha de S. Paulo


Dilma critica uso desproporcional da força por Israel e pede cessar-fogo

Em discurso nesta terça-feira (29) na reunião de cúpula do Mercosul, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar "o uso desproporcional da força" de Israel no conflito contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza e pediu um cessar-fogo "imediato, abrangente e permanente".

"Desde o princípio, o Brasil condenou o lançamento de foguetes e morteiros contra Israel e reconheceu o direito israelense de se defender. No entanto, é necessário ressaltar nossa mais veemente condenação ao uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças", afirmou Dilma.

A presidente novamente defendeu a criação de um Estado palestino como pré-condição para a paz entre israelenses e palestinos. Ela afirmou que o conflito "tem potencial para desestabilizar toda aquela região".

Um dia antes, na segunda (28), Dilma havia dito que considerava "um massacre" a ação israelense na Faixa de Gaza.

Os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Cristina Kirchner (Argentina) também criticaram duramente a ação de Israel em Gaza em seus discursos.

Logo após o final do encontro, o Mercosul divulgou um documento em tom semelhante ao discurso de Dilma, criticando o Exército israelense pelo uso desproporcional da força, assim como "qualquer tipo de ações civis violentas contra civis em Israel".

O bloco manifestou apoio aos "esforços de paz do secretário-geral das Nações Unidas [Ban Ki-moon] e do Egito" e exigiu um "levantamento imediato do bloqueio que afeta a população de Gaza".

Na semana passada, o governo brasileiro condenou oficialmente a escalada de violência em Gaza sem citar ações tomadas pelo grupo Hamas e chamou seu embaixador em Tel Aviv, Henrique Sardinha Pinto, de volta ao Brasil para "consultas".

Em reação, o porta-voz da Chancelaria israelense Yigal Palmor chamou o Brasil de "anão diplomático".

SEM ACESSO

A cúpula foi realizada na Casa Amarilla, sede da Chancelaria venezuelana, no centro de Caracas. Os jornalistas não tiveram acesso ao prédio e foram obrigados a assistir aos discursos em um teatro vizinho improvisado como centro de imprensa –uma televisão foi colocada em cima do palco.

Na transmissão do discurso de Dilma, via canal estatal VTV, os jornalistas brasileiros tiveram de ouvir a tradução simultânea em espanhol sobre a fala em português.

Na saída da cúpula, a segurança venezuelana bloqueou o acesso da imprensa aos presidentes. Os comunicados só foram divulgados depois da reunião, quando a praxe é que seja distribuída aos jornalistas antes do final.


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