Folha de S. Paulo


Hackers chineses roubam dados do Domo de Ferro israelense

Um grupo de hackers chineses foi acusado de roubar dados do sistema de mísseis do Domo de Ferro (Iron Dome), um projeto israelense de US$ 1 bilhão.

A Comment Crew, uma equipe de hackers que conta com apoio estatal e ao que se sabe opera da China, foi responsável por ataques, iniciados em 2011, contra três companhias israelenses de tecnologia de defesa: Elisra Group, Israel Aerospace Industries (IAI) e Rafael Advanced Defense Systems (Rads), as três envolvidas no projeto Domo de Ferro.

O Domo de Ferro é o sistema avançado de defesa antimísseis israelense, um projeto de US$ 1 bilhão parcialmente bancado pelo governo dos Estados Unidos.

O sistema lança foguetes para interceptar mísseis e projéteis de artilharia disparados a distâncias de entre quatro e 70 quilômetros contra áreas povoadas, e é popularmente conhecido como "escudo antimísseis".

As invasões de computadores aconteceram entre 10 de setembro de 2011 e 13 de agosto de 2012, de acordo com a Cyber Engineering Services (CES), uma companhia de segurança na computação que está em contato com o pesquisador independente de segurança Brian Krebs.

Krebs interceptou comunicações secretas dos hackers e descobriu que eles tinham roubado mais de 700 arquivos da IAI.

A CES informou que a maioria dos dados era propriedade intelectual e que os 700 arquivos provavelmente representavam apenas uma pequena porção dos dados roubados das três companhias de defesa.

Entre os documentos roubados da IAI estão desenhos técnicos detalhados e especificações do míssil norte-americano Arrow 3, cuja venda internacional é restringida pela regulamentação norte-americana sobre a venda internacional de armas e serve como um dos componentes essenciais do Domo, bem como dados sobre aeronaves de pilotagem remota (drones) e outros foguetes.

Os hackers mantiveram acesso às redes empresariais de algumas das companhias de defesa israelenses por mais de um ano, e roubaram e-mails confidenciais dos principais executivos das empresas.

Uma porta-voz da IAI minimizou as alegações de hacking como "notícia velha".

A China não é o único país a atacar Israel por meio de canais cibernéticos. Israel computou 44 milhões de ataques a sites de seu governo nos oito dias de conflito entre o país e o Hamas em 2012, com a maioria vindo de territórios palestinos.

Canais de mídia social e sites de organizações noticiosas também foram atacados, o que inclui um canal de TV cujo site foi invadido em julho e no qual uma mensagem em hebraico foi postada instando as mães de Israel a tirar os filhos das forças armadas, se não quisessem vê-los mortos ou capturados.

O Elisra Group não respondeu ao pedido de comentário, até o momento da publicação.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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