Folha de S. Paulo


Ucrânia intensifica combate contra rebeldes, e civis são mortos

Intensos combates entre as tropas ucranianas e rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia mataram pelo menos 19 civis, disseram autoridades locais nesta terça-feira (29). Kiev continua com a ofensiva para retomar áreas controladas pelos separatistas.

Do outro lado dos combates, dez soldados ucranianos morreram nas últimas 24 horas nos combates com os milicianos e mais 50 ficaram feridos.

As forças ucranianas têm empurrado os rebeldes de volta para suas duas principais cidades –Donetsk e Lugansk– e procuraram cercá-los em vários lugares, inclusive na região onde um avião da Malásia caiu no dia 17 de julho.

Autoridades disseram que 14 pessoas, incluindo cinco crianças, foram mortas em combate na segunda-feira (28) à noite, na cidade de Gorlovka.

Em Lugansk, funcionários disseram que cinco civis foram mortos quando bombardeios atingiram uma casa de repouso.

A sede do governo da República Popular de Donetsk foi esvaziada nesta terça-feira por causa dos bombardeios de artilharia registrados próximos ao centro da cidade rebelde.

Segundo os insurgentes, vários dos projéteis caíram perto do hospital Vishnesvski, próximo à Casa do governo, "praticamente no centro".

"O inimigo está trazendo para a batalha tudo o que tem para completar o cerco à República Popular de Donetsk", disse o comandante rebelde Igor Strelkov. República Popular de Donetsk, declarada independente da Ucrânia, não é reconhecida por Kiev.

Líderes rebeldes insistem publicamente que Moscou não está fornecendo suporte a eles. A Rússia também nega as acusações ocidentais de que apoia a rebelião com armas e tropas.

SANÇÕES

A Rússia disse nesta terça-feira que o mais recente relatório de direitos humanos da ONU sobre a crise na Ucrânia era "hipócrita".

"Nossa principal conclusão é que o relatório é parcial e, inclusive, hipócrita", disse o porta-voz Alexander Lukashevich, citado em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

O texto diz ainda que o relatório deixou de mencionar as detenções de jornalistas russos no leste da Ucrânia e relatos do uso de foguetes pelo Exército ucraniano contra civis.

Segundo o relatório da ONU, a derrubada do avião civil da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia pode ser considerada um crime de guerra e os combates entre o Exército ucraniano e os rebeldes separatistas pró-russos já deixaram mais de 1.100 mortos desde abril.

Os líderes dos Estados Unidos e as principais potências europeias concordaram em uma teleconferência na segunda-feira (28) em impor sanções mais amplas nos setores bancários, de tecnologia e militar da Rússia, pelo suposto apoio aos separatistas.

Um corredor humanitário deveria ser aberto em Lugansk por seis horas nesta terça-feira para permitir que os moradores fugam dos combates, mas as autoridades disseram que não poderiam garantir segurança total.

A ONU diz que mais de cem mil pessoas já fugiram do leste da Ucrânia.

Uma equipe de especialistas internacionais, incluindo 38 holandeses e 12 policiais australianos, vai tentar chegar ao local do acidente de avião pelo terceiro dia consecutivo nesta terça-feira. Combates na região controlada pelos rebeldes impediram o acesso ao local no domingo e na segunda-feira.


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