Folha de S. Paulo


Primeiro voo com corpos de vítimas da queda de avião chega à Holanda

Os primeiros aviões com corpos dos passageiros do voo MH17, que caiu no leste da Ucrânia semana passada, chegaram a cidade de Eindhoven, na Holanda nesta quarta-feira (23).

Os corpos foram recebidos com uma cerimônia fúnebre no aeroporto. Familiares e amigos das vítimas, o rei e a rainha da Holanda e o primeiro-ministro Mark Rutte se encontravam na pista de pouso.

O avião australiano aterrissou às 10h47 (de Brasília) na base aérea e, poucos minutos depois, foi a vez da aeronave militar holandesa.

As aeronaves deixaram a cidade de Kharkov, na Ucrânia, nesta quarta.

Ao todo, cerca de 200 foram transportados da cidade de Torez, região onde caiu o avião da Malaysia Airlines, para Kharkov entre segunda (21) e terça-feira (22).

O trabalho de análise dos corpos tem duas fases. A primeira é em Kharkov e envolve um grupo de peritos holandeses, alemães, malaios e de representantes da Interpol. Os corpos são fotografados, passam por um raio X e são colocados num caixão lacrado e numerado para ser enviado à Holanda, onde então começará o processo de identificar cada um.

A prioridade desta etapa em Kharkov não é saber de quem são os corpos ou encontrar algum indício sobre as causas da queda - a não ser que algo seja encontrado já que os cadáveres trazem vestígios dos últimos momentos da tragédia. Na prática, os corpos não devem ser examinados em território ucraniano. A ideia é apenas prepará-los para serem transportados.

Entre os peritos está o brasileiro Carlos Eduardo Palhares, membro do Grupo Especializado em Identificação e Vítimas de Desastres (DVI) do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. Ele integra o grupo da Interpol.

A confusão em torno do número exato de corpos que foram para Kharkov deve reabrir as buscas no local da tragédia. Segundo Jan Tuinder, chefe dos peritos holandeses enviados ao país, a contagem inicial nos vagões chegou a 200, o que contradiz a informação de separatistas ucranianos de que tinham sido embarcados 282 –ao todo, 298 estavam a bordo do voo.

Os passageiros eram, em sua maioria, holandeses (193) –o avião partiu de Amsterdã, na Holanda, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia. Caiu na região da cidade ucraniana de Torez, controlada por separatistas pró-Rússia.

A necessidade de retomar a busca exigirá uma nova negociação com os separatistas. Se ficar confirmado que os vagões levaram 82 corpos a menos do que se imaginava, deve crescer a pressão sobre os separatistas, acusados de terem derrubado, com um míssil, o avião. Os rebeldes dominam o acesso ao local da queda e recebem críticas por terem alterado os destroços. Os separatistas fiscalizam o resgate dos corpos e o transporte à estação de trem de Torez, a 70 km de Donetsk.

Familiares e amigos das vítimas, o rei e a rainha da Holanda e o primeiro-ministro Mark Rutte se encontravam na pista de pouso para assistir a chegada do aparelho do exército holandês que transportava 16 caixões e do avião australiano com 24 corpos.


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