Folha de S. Paulo


Região de fronteira com Gaza tem bombardeio intenso

Gaza aparece, no horizonte, como uma visão triste. As colunas de fumaça, erguidas por ataques na região fronteiriça, escurecem o céu em sua direção. A repetida artilharia israelense soa como trovoada de mau agouro.

Editoria de Arte/Folhapress

A reportagem da Folha foi incluída, nesta terça-feira (22), em um comboio organizado pelo Exército israelense para cruzar jornalistas Gaza adentro, em meio a operações militares em todo o estreito de terra. A passagem regular, feita a pé, estava proibida pela insegurança.

Mas o avançar da guerra, na segunda, manteve o grupo de repórteres em um limbo entre o território israelense e aquele controlado pela facção palestina Hamas. Ouvia-se, ali, a voz rouca das explosões de projéteis ao redor.

Mais cedo, um alerta de foguete obrigara o grupo a refugiar-se nas imediações de um banheiro, até que a ameaça estivesse resolvida.

A região de Erez, a fronteira norte entre Israel e a faixa de Gaza, vem sendo uma das áreas mais delicadas durante os últimos dias de Operação Margem Protetora –a ação militar iniciada no dia 8, após a morte de três jovens israelenses na Cisjordânia.

As Forças de Defesa de Israel e militantes do Hamas trocam disparos em Erez, sob intenso bombardeio. A retirada de centenas de civis palestinos com passaporte estrangeiro foi organizada com cautela, nos últimos dias, e essa passagem tem sido excepcionalmente aberta durante períodos curtos.

Jack Guez/AFP
Fumaça é vista na fronteira sul entre Israel e Gaza
Fumaça é vista na fronteira sul entre Israel e Gaza

A maior parte das informações coletadas dentro da faixa de Gaza tem vindo de repórteres que já estavam ali, quando a entrada era possível. Grupos penavam, também, com a dificuldade de deixar o local. O Exército tenta criar comboios de saída, assim como de entrada.

O conflito deixou ao menos 586 mortos entre palestinos, a maior parte dele civis, sendo 121 crianças, segundo a ONU. Em Israel, foram duas baixas civis e 27 soldados, diz o Exército.

Um soldado foi também dado nesta terça-feira como desaparecido. O Hamas havia anunciado, anteriormente, a captura de um militar israelense, ainda não confirmada, o que poderia incrementar suas exigências em uma possível negociação para chegar ao cessar-fogo.

Um acordo já havia sido proposto com a mediação egípcia, mas foi recebido com recusa pelo Hamas. As chances de uma segunda oportunidade acompanham a chegada, nesta terça-feira, do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e do secretário de Estado americano John Kerry à região.


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