Folha de S. Paulo


UE suspende sanções contra o Irã

A União Europeia decidiu suspender nesta segunda-feira (21) até 24 de novembro uma série de sanções econômicas contra o Irã, anunciou o Conselho da UE em comunicado.

Esta medida, que permite que o Irã continue com suas exportações de petróleo e também o comércio de metais preciosos, ocorre após Teerã e as grandes potências concordarem em estender até 24 de novembro as negociações de um acordo final sobre o programa nuclear iraniano. O prazo para o acordo final estava inicialmente previsto para 20 de julho.

A decisão da UE amplia por mais quatro meses a suspensão destas sanções acordadas em janeiro, após o congelamento por Teerã de parte de suas atividades nucleares.

Uma reunião na terça-feira dos ministros das Relações Exteriores da UE pretende aprovar esta decisão.

ACORDO CUMPRIDO

O Irã eliminou suas reservas de urânio enriquecido a 20%, um dos pontos estratégicos das negociações nucleares, cumprindo o acordo provisório alcançado em novembro com as grandes potências, informou a ONU nesta segunda-feira.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), encarregada de verificar o cumprimento deste acordo provisório, indicou em seu último relatório publicado nesta segunda-feira que Teerã converteu a metade de suas reservas de urânio enriquecido a 20% em urânio enriquecido a 5% e o restante em óxido de urânio.

Com base no acordo acertado em novembro passado com este grupo de grandes potências, Teerã deveria reduzir suas atividades nucleares, entre elas o enriquecimento de urânio a 20%, em troca de alívio nas sanções ocidentais.

Washington havia anunciado na sexta-feira que desbloquearia 2,8 bilhões de dólares de fundos iranianos congelados, em troca da conversão do urânio altamente enriquecido iraniano em combustível.

O Irã, acusado de querer fabricar uma bomba atômica, sempre garantiu que o urânio enriquecido a 20% estava destinado a fins médicos, para o diagnóstico de alguns tipos de câncer.

O urânio necessário para uma bomba atômica requer de uma pureza de 90%, mas os especialistas concordam em que com um enriquecimento de 20% está a poucos passos técnicos de obter material que possa ser usado com fins militares, como uma bomba nuclear.

O urânio enriquecido a 5% serve, por sua vez, como combustível para a produção de eletricidade nas centrais nucleares.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que dirige a negociação em nome da comunidade internacional, ressaltou em Viena na sexta-feira passada que nestes seis meses de negociações se houve "progressos tangíveis", mas ainda há grandes diferenças a superar.


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