Folha de S. Paulo


Trégua entre Israel e Hamas não chegou a durar uma hora

O Exército israelense aprovou uma trégua humanitária a pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) das 10h30 às 12h30 (7h30 às 9h30 no horário de Brasília) em Shajaya, periferia da cidade de Gaza violentamente atacada neste domingo, resultando em 40 palestinos mortos. No entanto, agências de notícias informam que os confrontos foram retomados menos de uma hora depois.

O Exército israelense acusou o Hamas de violar o cessar-fogo humanitário que permitiria a evacuação de vítimas no bairro Sayaíe, no leste de Gaza.

"Mais uma vez o Hamas quebra o cessar-fogo. Nesta ocasião, alcançada com mediação da Cruz Vermelha. As forças de defesa de Israel estão respondendo ", disse o porta-voz militar Peter Lerner, disse em um comunicado.

Israel concordou com a trégua para permitir que as ambulâncias da Cruz Vermelha pudesse recolher o grande número de feridos após bombardeios israelenses no bairro.

No entanto, logo após o início da pausa, Israel denunciou o lançamento de vários mísseis e confirmou que helicópteros responderam ao ataque.

De acordo com as estatísticas mais recentes do Ministério da Saúde em Gaza, cerca de cinqüenta palestinos foram mortos naquele bairro desde que Israel iniciou o bombardeamento no início desta manhã.

Um militar israelense disse que suas forças foram atacadas pouco depois da trégua de duas horas ter começado e que por isso teriam retomado as operações. O Hamas não fez nenhum comentário sobre as acusações israelenses.

MASSACRE

Os líderes palestinos denunciaram o que chamaram de "massacre" de Israel contra Shejaiya, bairro ao norte de Gaza, onde bombardeios deixaram dezenas de mortos neste domingo (20), enquanto a Liga Árabe descreveu os ataques como "crimes da guerra ".

"O governo de consenso palestino condena energicamente o brutal massacre cometido pelas forças de ocupação israelenses contra civis palestinos inocentes", disse que o novo governo de coalizão palestino. A Liga Árabe pediu a sua parte da "cessação imediata" da ofensiva.

CESSAR-FOGO

"O CICV contactou o movimento Hamas e propôs negociar uma trégua humanitária de duas horas para permitir que as ambulâncias retirem os mortos e os feridos. O Hamas aceitou", declarou em um comunicado o porta-voz do movimento, Sami Abu Zuhri.

Contactado pela AFP, um porta-voz do CICV se recusou a confirmar ou negar esta informação. "Fazemos todos os esforços para garantir os meios para evacuar os mortos e feridos", disse ele.

Neste domingo, pelo menos quarenta pessoas foram mortas e cerca de 400 ficaram feridas no intensivo bombardeio a um subúrbio da cidade de Gaza, elevando a 388 o número de mortes de palestinos no 13º dia da ofensiva militar de Israel.

De acordo com um correspondente da AFP, ambulâncias se esforçam para alcançar Sharaya por causa da intensidade do bombardeio. Muitos cadáveres estão espalhados pelas ruas e milhares de pessoas tentam fugir do massacre.


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