Folha de S. Paulo


Malaysia confirma lista de passageiros e mortos em desastre chegam a 298

O número de mortos na queda do Boeing-777 em território ucraniano nesta quinta (17) subiu para 298, após a Malaysia Airlines divulgar a lista de passageiros por nacionalidade.

A maioria dos ocupantes era de holandeses (154), seguidos de malasianos (43, incluindo os 15 membros da tripulação), australianos (27) e indonésios (12).

Também havia britânicos, alemães, belgas, filipinos e um canadense entre os passageiros. Outros 41 mortos têm nacionalidade não confirmada, de acordo com a companhia.

A empresa não disse se havia muitas crianças a bordo, conforme a mídia holandesa especulou.

Editoria de Arte/Folhapress

TROCA DE ACUSAÇÕES

Após a confirmação da queda, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, trocaram acusações.

Putin afirmou que o governo da Ucrânia tem responsabilidade sobre a queda do avião. "Essa tragédia não teria ocorrido se houvesse paz na região, se as ações militares não tivessem recomeçado no sudeste da Ucrânia. E, certamente, o Estado responsável pelo território tem responsabilidade sobre esta terrível tragédia", disse.

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Segundo comunicado divulgado na madrugada de sexta-feira em Moscou, o presidente russo iniciou uma reunião com conselheiros pedindo um minuto de silêncio por causa da queda.

Antes, Poroshenko afirmou que "não descartava" que o avião houvesse sido derrubado. "Este é o terceiro trágico incidente nos últimos dias, após dois jatos militares ucranianos terem sido derrubados a partir do território russo", disse.

ESTADOS UNIDOS

Mais cedo, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a queda "não foi um acidente".

A fala vai ao encontro de relatos de dois oficiais do Exército americano, segundo os quais o avião foi alvejado por um míssil antiaéreo terrestre.

Biden disse ainda que conversou ao telefone com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e que os Estados Unidos ofereceram ajuda para apurar o acidente. Nas palavras do vice-presidente, o avião "explodiu pelos ares".

Em pronunciamento, o presidente americano, Barack Obama, disse que seu governo está trabalhando para descobrir se havia cidadãos americanos no avião que caiu na Ucrânia.

Obama disse que esta foi uma "tragédia terrível" e afirmou que os Estados Unidos irão dar toda a assistência possível ao governo ucraniano.

O mandatário dos Estados Unidos também telefonou para o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e ofereceu ajuda na apuração das causas da queda. De acordo com um comunicado da Casa Branca, Poroshenko "agradeceu a assistência de investigadores internacionais para garantir uma investigação transparente" no local do acidente.

ACIDENTE

Logo após a queda, testemunhas relataram que dezenas de corpos em pedaços estão espalhados por um raio de 15 km, na região da cidade de Grabovo, próximo a Donetsk, segundo agências de notícias. Serviços de emergência dizem que pelo menos cem corpos foram encontrados até agora.

Os destroços do Boeing 777 têm as cores da companhia aérea malasiana. É provável que o avião tenha explodido no ar, embora haja corpos inteiros.

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acredita que um "ato terrorista" foi a causa da queda do avião, disse seu assessor.

"Poroshenko crê que esse avião foi abatido: não é um incidente, não é uma catástrofe, mas um ato terrorista", afirmou Svatoslav Tsegolko.

O confronto entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas na fronteira já provocou a queda de aviões militares nesta semana.

Mais cedo, um assessor do ministro do Interior da Ucrânia também disse que a aeronave foi derrubada por um míssil lançado a partir do solo. A informação, porém, ainda não foi confirmada oficialmente.

"Terroristas, usando um sistema de mísseis Buk fornecido por Putin [presidente russo], derrubaram um avião civil", disse pelo Facebook.

A Malaysia Airlines divulgou nota em que confirma ter pedido contato com o voo MH17 às 11h15 (hora de Brasília) quando ele sobrevoava a Ucrânia, a 50 quilômetros da fronteira com a Rússia. Segundo a companhia, havia 280 passageiros e 15 membros da tripulação a bordo.

O avião ia de Amsterdam para Kuala Lumpur, capital da Malásia.

TENSÃO NA UCRÂNIA

A queda do avião de passageiros ocorre no esteio de ataques a aeronaves militares na região, tanto por parte de separatistas ucranianos como por parte do Exército da Rússia.

"Este é o terceiro caso trágico nos últimos dias, após os aviões An-26 e Su-25 das forças armadas ucranianas serem derrubados a partir do território da Rússia", declarou Poroshenko.

"Nós não excluímos a possibilidade de este avião ter sido abatido, e ressaltamos que as forças armadas ucranianas não efetuaram disparos que possam ter atingido alvos no ar", acrescentou, antes de apresentar suas condolências às famílias das vítimas.

O líder separatista Aleksander Borodai, por sua vez, acusou forças ucranianas de terem abatido o avião. De acordo com a Interfax, um membro do governo de Donetsk disse que as armas rebeldes só podem derrubar aviões a 3.000 metros de altura.

A aeronave foi derrubada a cerca de 10 quilômetros do solo –altura que o sistema de mísseis Buk consegue alcançar.

A Ucrânia acusou a Rússia de derrubar um de seus aviões de guerra, um Su-25, na quarta-feira (16). Segundo Andrei Lisenko, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano, o ataque obrigou o piloto a ejetar.

O ministério de Defesa da Rússia negou e disse que a acusação de Kiev era "absurda".

Os rebeldes pró-russos, enquanto isso, alegaram na quarta-feira a responsabilidade por ataques a dois jatos Sukhoi-25. O Ministério da Defesa ucraniano diz que o segundo jato foi atingido por um míssil antiaéreo portátil, mas acrescentou que o piloto não saiu ferido e conseguiu pousar o avião em segurança.

Na segunda (14), a Ucrânia anunciou que um avião de transporte militar An-26 foi abatido por um míssil disparado do território russo.

Lisenko informou que dois dos oito tripulantes do An-26 foram encontrados mortos, enquanto quatro foram resgatados e outros dois aprisionados pelos rebeldes.

Em março passado, outro avião da Malaysia Airlines desapareceu quando ia de Kuala Lumpur a Pequim com 239 pessoas a bordo. Os destroços do Boeing 777 não foram encontrados.

O vídeo abaixo mostra a coluna de fumaça formada pela queda do avião.

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