Folha de S. Paulo


Análise: Ocupação da faixa de Gaza seria problema sério para israelenses

Prestes a reocupar Gaza militarmente, Israel está próximo de se envolver num conflito de grandes proporções que, ao que tudo indica, não se limitará ao norte do país.

Na região controlada pelo Hizbullah, aliado ao Hamas e sob influência e financiamento do Irã, mísseis foram disparados contra o território israelense, o que pode forçar o Exército a deslanchar incursões ou bombardeios sobre o território libanês contra essa ameaça.

A campanha contra o Hamas deve ser longa e custosa, embora o sistema de defesa "Iron Dome" (Domo de Ferro) esteja funcionando bem para destruir os foguetes lançados pelo Hamas contra cidades israelenses.

Uma longa ocupação vai contra o desejo israelense, que não gostaria de voltar a ocupar uma área explosiva, que requer controle sobre 1,6 milhão de palestinos.

Israel, nessas circunstâncias, gostaria que a própria população palestina de Gaza colocasse fim ao domínio político e militar que o Hamas exerce sobre a área.

E, para tanto, adota medidas de pressão, tais como reduzir drasticamente o fornecimento de energia elétrica e combustíveis para a região.

Todavia, isso parece quase impossível no momento. Os israelenses jamais serão aceitos como "protetores", e a tendência atual é a de que Hamas e Fatah venham a somar forças nas hostilidades ao Estado judeu, acarretando sérias dificuldades no tortuoso processo de paz entre Israel e Autoridade Palestina.

Se a força aérea e a artilharia não silenciarem as baterias de mísseis do Hamas, em futuro próximo Israel não terá outra alternativa senão reconquistar a faixa de Gaza e ocupá-la por longo período.

O premiê Binyamin Netaniahu afirma por seu turno que a operação militar irá prosseguir e se expandir até que o bombardeio sobre as cidades israelenses cesse e a calma retorne.

Esses objetivos, no momento, são inatingíveis. Em lugar de uma longa ocupação de Gaza, sugerem analistas locais, Israel deve infligir o máximo de danos ao Hamas.

MÁRIO CHIMANOVITCH é ex-correspondente de jornais brasileiros no Oriente Médio


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