Folha de S. Paulo


Contra influência da Máfia, arcebispo pede fim dos padrinhos católicos

Um arcebispo de uma cidade do sul da Itália pediu ao papa Francisco que proíba por dez anos a nomeação de padrinhos, numa tentativa de diminuir a influência da Máfia na região.

Giuseppe Fiorini Morosini, arcebispo de Reggio Calabria, disse que debateu o tema com o pontífice durante uma visita a Roma no fim de semana. O papa, segundo ele, pediu que os bispos da região enviem por escrito uma proposta sobre o assunto.

Dentro da tradição católica, o padrinho é escolhido para ajudar os país a criar a criança.

Na Calábria, porém, a nomeação é usada pelas organizações mafiosas para estabelecer ligações entre as famílias.

Segundo o arcebispo, na Calabria os padrinhos não são modelos religiosos e sim "pontos de referência" da Máfia.

A relação entre a Máfia e os padrinhos é retratada na trilogia de filmes "O Poderoso Chefão" –que no original em inglês, se chama "The Godfather" ou padrinho na tradução para o português.

A Calábria tem a presença da "ndrangheta", considerada a mais ponderosa máfia da Itália.

A organização do grupo se baseia em laços de sangue e familiares, como o casamentos e a nomeação de padrinho.

Morosini disse que ele escreveu ao papa pedindo o fim da nomeação de padrinhos "para evitar que a 'ndrangheta' explore a Igreja e os sacramentos". Ele afirmou que Francisco inicialmente rejeitou a ideia, mas se mostrou aberto depois de uma visita a região.

O papa visitou a Calábria no ultimo dia 21 e criticou fortemente o crime organizado. Na ocasião, disse que os mafiosos "adoram o mal" e são excomungados da Igreja.


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