Folha de S. Paulo


Sisi vence eleições para presidente do Egito com 96,9% dos votos

O ex-chefe do exército Abdel Fatah al Sisi, que dirige Egito de fato desde que destituiu o islamita Mohamed Mursi há 11 meses, foi proclamado oficialmente presidente com 96,9% dos votos, anunciou nesta terça-feira a comissão eleitoral.

O marechal, que se reformou do exército para poder concorrer à presidência nas eleições de 26, 27 e 28 de maio, obteve 23.780.104 votos contra 757.511 (3,09% dos votos) para seu único rival, o líder da esquerda Hamdeen Sabbahi.

Mas o governo interino instalado por Sisi eliminou da cena política o principal movimento de oposição, o grupo islamita Irmandade Muçulmana.

PARTICIPAÇÃO

Na quinta-feira (29), o presidente interino do Egito, Adly Mansour, que ocupa o cargo desde a queda de Mursi, em julho, informou que a participação na votação foi de 46% do eleitorado egípcio -o que, para ele, indica "amplo consenso". O voto não é obrigatório no país.

Esse percentual é menor do que os 52% que compareceram às urnas em 2012, no pleito que escolheu Mursi. O Egito tem atualmente 54 milhões de eleitores registrados.

Segundo funcionários do governo ouvidos sob anonimato pela agência Associated Press, depois do fraco comparecimento às urnas na segunda (26), primeiro dia de votação, o premiê Ibrahim Mahlab convocou videoconferência com governadores e chefes militares provinciais.

Mahlab ordenou que eles saíssem à caça de eleitores. Na terça (27), vários ônibus gratuitos levaram votantes às seções eleitorais. Além disso, o governo estendeu o período de votação de dois para três dias, incluindo a quarta (28).

O oposicionista Sabahi contestou o comparecimento de 46%, que chamou de "insulto à inteligência dos egípcios", e afirmou que tanto a mídia do país quanto o governo foram tendenciosos em favor do seu adversário.

Colocada na ilegalidade depois o golpe que derrubou Mursi, a Irmandade Muçulmana afirmou que as eleições teriam sido boicotadas por 90% dos eleitores. Segundo a entidade, a rejeição representa "uma bofetada no golpe militar e um sinal iminente da queda dos golpistas"


Endereço da página: